Foi surpreendente ver a cantora finlandesa Tarja Turunen, 41, cantando Lanterna dos Afogados, clássico dos Paralamas do Sucesso, durante seu show no Rio de Janeiro, que aconteceu no último sábado (25). Além de ser uma bela homenagem ao grupo e à música brasileira em si, seu português não decepcionou. A artista, no entanto, adiantou para o jornal Destak um pouco desse acontecimento.
“Eu vivi em Buenos Aires por quase 10 anos, e, por causa disso, passei a conhecer muitas bandas e artistas de lá, e comecei a amar ainda mais bandas brasileiras, como o Sepultura, Angra e até mesmo os Paralamas do Sucesso”, disse.
Agora, uma semana depois, ela cantou em São Paulo neste sábado (1), no Tom Brasil. Durante a entrevista, a ex-vocalista do grupo Nightwish não deixou de frisar a conexão que sente com os fãs brasileiros.
“Eu recebo muito carinho e amor da audiência brasileira, e esse é o principal motivo pelo qual estou sempre voltando. Sinto uma ligação intensa e forte durante os meus shows, e sempre desço para conversar com os fãs na rua. Aprecio todo esse processo”, comentou.
Dessa vez, Tarja chegou ao país com a turnê do disco Act II, em que mostra seus maiores sucessos em versões alternativas e ao vivo. “É sempre muito divertido produzir um álbum como esse, porque ganho a oportunidade de mostrar em que momento da minha carreira eu estou como artista, tanto para aqueles que já foram em meus shows e para os que ainda não. Fora que é sempre uma ótima experiência para aprender. Durante essa gravação, por exemplo, trabalhei bastante na parte de vídeo e som, que são, com certeza, meus pontos mais fracos…”, explicou.
“Sou a minha maior crítica. Por isso demorou bastante tempo para eu conseguir finalizar esse álbum e o processo, em si, foi muito árduo. Não quero oferecer um produto fraco para quem me escuta, porque eu conquistei o apoio dessas pessoas durante os anos.”
Segundo a cantora, Act II foi propício por causa da sua demanda de trabalho. “Eu tenho saído muito em turnês, então pareceu a coisa certa para se fazer no momento. Além disso, Act I saiu depois de dois álbuns de estúdio, então era natural que Act II chegasse depois do meu quinto”, pontua.
Antes do álbum com as músicas ao vivo, Tarja também criou um projeto com músicas natalinas intitulado From Spirits and Ghosts, em que a cantora ofereceu uma releitura mais “sombria” para as canções famosas de Natal. Entre seus projetos antigos e os mais recentes, é seguro dizer que Turunen gosta de inovar.
“Esse processo [inovar] é muito natural para mim, mas fazer um plano para que todos eles aconteçam na hora certa é essencial”, falou.
“A parte criativa dos projetos fica comigo, mas tenho uma ótima equipe para me ajudar na parte burocrática. Eu sempre procuro manter um equilíbrio entre música clássica e rock na minha carreira, porque finalmente encontrei a harmonia entre eles. Não quero perder isso de jeito nenhum. Minhas atividades no rock exigem mais tempo e são a minha prioridade, mas tenho planos de sempre treinar minhas habilidades como uma cantora lírica, porque isso mantém minha saúde mental e física em dia”, detalhou a cantora.
Sobre um projeto futuro, ela apenas comentou que já está escrevendo e que esse será seu trabalho mais “pesado e sombrio” até então.
“A produção vai começar no final desse ano e irei gravar no começo de 2019. Estou no processo de escrever as músicas”, contou.
https://youtu.be/zLIb-qsEc6E
Maternidade
Tornar-se mãe geralmente é um processo muito diferente e pessoal para cada mulher. Para Tarja, acompanhar o crescimento de sua filha tem sido algo incrível, e aumentou sua confiança como artista.
“Minhas prioridades mudaram, é claro, mas continuar trabalhando mesmo após o nascimento dela é algo que me deixa completa. Acredito que todos conseguem ouvir a confiança que ganhei após ser mãe. Eu me sinto livre e tomo inspiração nesse fato”, falou.
Sua relação com a música e sua família são duas coisas que estão profundamente interligadas em vários níveis. “Meu trabalho me segue até em casa e estou sempre imersa nele. Meu marido é meu agente e também um ótimo pai. Existe essa conexão. É por esse motivo que eu faço música para mim mesma, e se eu não tivesse mais essa oportunidade, iria me tornar uma pessoa miserável. Compor, cantar e fazer performances no geral são como uma porta de escape, e eu coloco todos os meus sentimentos nessa atividade”, disse.
“Na verdade, eu me sinto muito privilegiada. Muitas vezes as pessoas passam a vida inteira ser ter algo como isso para se refugiar. Se eu me sinto bem, escrevo uma música. E se eu me sinto mal, faço a mesma coisa. É algo realmente incrível”, finalizou.
Por: Carol Alves
Fonte: Destak Jornal