Esvaziar a importância de Ozzy Osbourne e Black Sabbath para o rock e metal em um show é insultuoso

A notícia da reunião da formação clássica do Black Sabbath – Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) – para um último ato em 05 de julho no Villa Park em Birmingham, Inglaterra, se alastrou feito fogo em palha seca. Até mesmo pessoas que não têm nada a ver e não curtem som pesado se defrontaram com a novidade.

Os ingressos, como era de se esperar, estavam pela hora da morte, chegando a custar o absurdo de £2.932,50 – aproximadamente R$21.784,76. Mesmo assim, os milhares de bilhetes se esgotaram em pouco mais de quinze minutos, o que é, de certa forma, compreensível, dada a dimensão em torno de todo evento.

O nosso objetivo, contudo, não é lançar luz nos valores das entradas, tampouco entrar no mérito se é justo ou não a cobrança de tais quantias. Queremos apontar outro aspecto: esvaziar a importância de Ozzy Osbourne e Black Sabbath para o rock e metal em um show é insultuoso.

Os fatos históricos nos relatam que a música, especialmente o rock n’ roll no final dos anos 1960, precisavam de frescor e boas doses de energia, apesar da trinca The Beatles, The Rolling Stones e The Who estarem colocando material de primeira qualidade na praça.

O pessoal mais erudito logo encontrou eco em nomes como Emerson, Lake & Palmer, King Crimson, Genesis e Yes. Contudo, havia uma parcela da sociedade sem sintonia com as melodias e progressões harmônicas influenciadas pelo romantismo, barroco e afins. A necessidade era uma música mais simples que compensasse desafetação erudita com doses cavalares de energia e potência.

Os citados quatro cavaleiros do apocalipse, sob o manto sagrado do ocultismo e salpicadas de terror, se incumbiram de retratar e dar voz a uma infinidade de indivíduos que nunca se sentiram essencialmente representados artisticamente – especificamente na seara musical.

O resto da história, como todo mundo sabe, foi a criação do Black Sabbath e, consequentemente, do heavy metal. Goste ou não, existe um mundo artístico antes e um mundo artístico pós a criação do Sabbath. O grupo foi um divisor de águas. Certamente as mudanças nas bases musicais do cosmo onde habitamos não fossem deliberadas, o que não diminuiu, tampouco impõe um caráter pálido nos feitos de Ozzy, Tony, Geezer e Bill.

Considerando isso, a festa Back To The Beginning será apenas o encerramento de um capítulo da história da música moderna. A jornada do Black Sabbath e Ozzy não acaba em 05 de julho no Villa Park, pois, novos corações serão, sem um pingo de dúvida, tocados por suas músicas, assim como o germânico Johann Sebastian Bach, a título de exemplo, que até hoje incita jovens e adultos a mergulharem no vasto oceano da música barroca.

Regozijemos com a música do Black Sabbath, à medida que já se provou inexorável ao teste do tempo. E nos alegremos por estarmos compartilhando este mesmo átomo de tempo com os criadores do heavy metal.

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