Em um olhar superficial, os destaques de um espetáculo musical, especialmente na seara do rock n’ roll e heavy metal, recaem aos vocalistas e guitarristas. Mas é compreensível o fascínio pela turma do microfone e pelo pessoal das seis cordas, pois são os dois ofícios com mais contato olho no olho com público e estão no arquétipo do rockstar bem-sucedido, charmoso e famoso.
Porém, para que os músicos da comissão de frente possam brilhar no palco, o trabalho hercúleo dos baixistas e bateristas – vulgo turma da cozinha – precisa estar em pleno funcionamento como uma engrenagem muito bem azeitada e mais precisos que os famosos relógios suíços.
A responsabilidade fica ainda mais complicada e profunda para os baterista, já que são a força motriz de uma banda; são os profissionais cujo trabalho não abre margem para erro, pois um simples deslize pode colocar em risco todo o andamento e execução da canção e, até mesmo, do concerto.
Então, como uma singela e merecida homenagem aos bateristas que recentemente brilharam no palco do Monsters of Rock Brasil 2023, vamos destacar cinco perfis diferentes de instrumentistas que passaram pelo festival.
Jason Rullo – Symphony X
Calcado em compassos compostos, em padrões desafiadores de pé e mão e numa performance energética, Jason é a locomotiva responsável por puxar o intrincado prog metal do Symphony X adiante. Bebendo de diferentes fontes como jazz, funk e fusion, o músico vai além dos convencionais moldes rítmicos, visto que consegue trazer um teor melódico ao seu playing, o que se revela ideal ao som da banda.
Ian Paice – Deep Purple
Numa analogia vulgar, a performance de Paice segue os parâmetros das melhores bebidas destiladas, visto que o sabor se refina e melhora com o passar do tempo. Ou seja, a abordagem musical de Ian vem se sofisticando com o passar dos anos; atualmente, soa como um baterista de jazz tocando numa banda hard rock, o que é extremamente positivo pois seu som repercute de forma oxigenada e passa longe dos clichês e cacoetes dos instrumentistas essencialmente focados no rock.
Dani Löble – Helloween
Ter a responsabilidade de sentar no trono já ocupado por Ingo Schwichtenberg e Uli Kusch pode ser um fardo ou uma bênção. Para Dani, o pêndulo tendeu para consagração, já que possui os atributos técnicos para fazer frente aos seus antecessores. Velocidade, precisão e força física são algumas das habilidades mostradas por Löble na apresentação energética realizada pelo Helloween, no último final de semana, em São Paulo.
Mikkey Dee – Scorpions
Com o fim do Motörhead, no final de 2015, devido a morte de Lemmy Kilmister, era óbvio que alguma grande banda de rock ou metal admitiria Dee o mais rápido possível e o ostentaria como uma das peças chaves de sua formação. Quem correu e se deu super bem empregando Mikkey fora o Scorpions, visto que a injeção de ânimo e vigor trazido pelo músico à banda é de saltar aos olhos.
Mikkey combina ao seu playing avassalador influências de nomes do jazz como Buddy Rich e Gene Krupa, o que o possibilita novos grooves, levadas e padrões, sendo assim, beneficia a intenção do grupo em soar original e pujante.
Eric Singer – KISS
Singer é um músico com trabalhos e passagens ao lado de nomes importantes da música pesada como Badlands, Lita Ford, Black Sabbath, Alice Cooper e The Cult, ou seja, tem milhagem o suficiente para entregar um som de bateria encorpado e técnico, no entanto, tem a capacidade de inserir tais propriedades no briefing recebido pelos seus empregadores atuais, que é a dupla mais quente do mundo: Paul Stanley e Gene Simmons.
Eric prioriza um ataque intenso e forte em seu kit, além disso, completa seus fraseados com muitas viradas e diversos padrões, usando, inclusive, bumbo duplo. Em suma, Singer é um gênio do ritmo a serviço do rock n’ roll!