No final da década de 1970, o universo das seis cordas tomou uma guinada radical: o virtuosismo na guitarra era a bola da vez. A influência blues ainda fazia parte da mistura sonora, contudo, um novo arsenal de técnicas seriam incorporadas ao playing como o famoso tapping, também conhecido como two hands.
Outras habilidades seriam submetidas a novos patamares como os arpejos com notas abafadas, sweep picking, alavancadas e harmônicos artificiais. Nomes como Randy Rhoads e Eddie Van Halen estavam encabeçando tal revolução que mudaria permanentemente a estética do rock n’ roll e do heavy metal.
Eddie, em especial, causou um enorme alvoroço já no primeiro álbum do Van Halen, que é homônimo ao grupo e fora lançado em 1978. Com frases curtas e ligeiras, licks de corda solda e algumas notas fora de escala – ou seja, com erros, mas que se tornaram perfeitos acertos, a instrumental Eruption, que tem duração inferior a dois minutos, foi absorvida de maneira imediata pelo público e pela classe musical.
Aos ouvidos e olhos dos desatentos e ou da turma que só quer saber da música como um mero pano de fundo para as ações do cotidiano, o playing do holandês era bacana, pois era veloz, acrobático e cheio de firulas interessantes para tais sentidos. Contudo, a acentuação rítmica, a precisão da palhetada, o groove e o shuffle serviam de esteio para que toda sua astúcia melódica ganhasse ainda mais proporção e ênfase.
Pode soar meio contraditório ao que é amplamente difundido em relação ao nome e marca Eddie Van Halen, todavia, o cara era, infelizmente como poucos guitarristas, um às da sessão rítmica. E tal fato o diferenciava da galera que ficava navegando nos conhecidos e mansos mares dos powerchords.
Outra característica de sons como Dreams, Panama, Jump, Runnin’ With the Devil, Ain’t Talkin’ ’bout Love, Why Can’t This Be Love e Unchained, que têm solos impecáveis, é o capricho integral para a construção do todo, em outras palavras, Eddie não buscava uma base musical minguada com meia dúvida de versos para que fosse a moldura de seu solos. Longe disso, todos os detalhes eram meticulosamente criados para que todas as pontas fossem distintamente costuradas. Por este e tantos outros motivos, Eddie era um virtuose a serviço da música e não do ego.