O ápice do rock progressivo aconteceu entre o final dos 1960 e meados da década 1970. Em tais épocas, bandas da primeira divisão do estilo como Emerson, Lake & Palmer, Genesis, King Crimson, Yes, Jethro Tull e Pink Floyd lançaram algumas de suas principais obras musicais e marcaram, pois, seus nomes na história da música contemporânea.
A partir da segunda metade dos anos 70, a corda do hedonismo técnico e da megalomania criativa foram esticadas ao extremo, portanto, se desgastaram e passaram a não corresponder com o espírito do tempo que se descortinava no horizonte próximo.
O punk rock era a bola da vez; era o vento que soprava em sentido contrário a tudo o que o sofisticado e profundo rock progressivo se sustentava. O abalo foi grande, sendo assim, somente os mais robustos nomes do gênero se mantiveram de pé gozando de certa relevância e prestígio no mercado.
Desgaste punk
Da mesma forma avassaladora a qual chegou nas rádios, meios de comunicação e players dos ouvintes, o punk rock logo, logo perdeu estamina, mostrou desgaste na simples mas eficiente fórmula, abrindo, dessa forma, novas brechas na cena musical.
Como não existem lacunas e pontos cegos no mercado fonográfico, novas facetas sonoras iriam – naturalmente ou deliberadamente – ocupar os vácuos deixados, por exemplo, pelo já citado punk rock.
Novos românticos
Uma das brechas fora ocupada pela turma do new romantic, que basicamente pegaram o visual espalhafatoso do glam rock, adoçaram bastante com o pop e deram profundidade lírica a temas como coração partido, amor não correspondido, traição, morte, entre outros tópicos.
Na dianteira do new romantic estavam conjuntos como Human League, Duran Duran, Culture Club, Eurythmics e A Flock of Seagulls. As bandas caíram no gosto popular e abocanharam boa fatia do mercado oitentista.
Revival progressivo
Lembra a história de que não existe espaço vazio no mercado fonográfico? Então, uma parte considerável da cena dos anos 80 ainda precisava ser ocupada, contudo, o que algumas pessoas não imaginavam era qual seria o teor do som.
Tendo como pano de fundo os baluartes do rock progressivo setentista, os quais muitos ouvintes torciam o nariz e os tachavam de meros nomes bolorentos que ainda cismavam arrastar correntes pelos corredores da cena, nomes como Marillion, Pallas, Pendragon, Twelth Night e IQ trataram de edificar suas respectivas vozes artísticas.
O quê circense do Genesis, a grandiosidade melódica do Pink Floyd, a profundidade harmônica do Jethro Tull e o punhado erudito de Emerson, Lake & Palmer estavam presentes e misturados no DNA sonoro dos citados grupos.
Sabendo que a decisão de usar o expediente Ctrl + C e Ctrl + V do que rolou nos anos 70 seria um tiro no pé, Marillion e Cia adotaram a resolução de salpicar o som com as nuances à la new romantic, o que possibilitou portas abertas nas FM’s e, consequentemente, lugar cativo no coração do público.
Marillion fora a banda que melhor leu o espírito do tempo e formatou cirurgicamente sua arte para que equilibrasse a profundidade melódica, harmônica e rítmica às saborosas caldas açucaradas do pop. Sons como Kayleigh, Lavender, Sugar Mice e Warm Wet Circles reiteram o que fora dito, anteriormente.
Pallas, Pendragon, Twelth Night e IQ tiveram seu quinhão de sucesso comercial, mas patinaram aqui e acolá em troca de integrantes desastrosas e contratos nebulosos com gravadoras inescrupulosas.
Mesmo não gozando do êxito comercial do Marillion, algumas destas bandas, como o Pendragon, estão na ativa até os dias de hoje lançando trabalhos de estúdio.
A festa também é nossa
A ideia de misturar rock progressivo com pop deu tanto certo a ponto de bandas veteranas darem uma recalculada na rota e repaginado no som.
Quem dançou e bordou neste modus operandi foi Genesis, que amansou demasiadamente o som em Invisible Touch, de 1986, e deu as caras nas rádios de norte a sul do globo.
Peter Gabriel foi outro que percebeu bem o momento e soltou o mega platinado So, de 1986. Até o Pink Floyd e o Yes molharam o pé no expediente progressivo pop ao colocar na praça A Momentary Lapse of Reason, de 1987, e 90125, de 1983, respectivamente.
Em suma, o rock progressivo fundamentou que poderia conviver com as variadas facetas musicais, declarou que a música poderia soar sofisticada, radiofônica e doce aos ouvidos, além disso, provou que não era um estilo musical morto como alguns falsos gurus apregoavam à revelia.