Diga ao povo que fico: Paranoid é a consagração da carreira do Black Sabbath

O Black Sabbath causou um enorme alvoroço e agito na indústria musical, com o lançamento de seu primeiro álbum de estúdio que é autointitulado. O icônico disco traz na capa a imagem de uma mulher assustadora, que se assemelha a uma aterrorizante bruxa, em meio a um casebre – que na verdade é o antigo moinho Mapledurham Watermill – não menos assustador.

E o recheio do trabalho? Bem, o som seguia a mesma premissa horripilante e intimidante, lançando mão do temido trítono, intervalo de três tons inteiros entre duas notas. Cabe relembrar que nos tempos mais remotos, o trítono também era conhecido como a nota do Diabo, ou seja, tinha absolutamente tudo a ver com a estética musical e lírica do Sabbath.

A imprensa odiou com todas as suas forças a arte do quarteto britânico de Birmingham; os principais atores do mercado fonográfico davam de ombros e debochavam dos feitos do grupo e os cidadãos de bem da época seguiram, naturalmente, o mesmo caminho, e abominaram a música criada por Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria).

Muita gente acreditava e torcia para que o pesadelo sonoro chamado Black Sabbath passasse e a cena musical voltasse a um arranjo menos amedrontador e desconcertante. Não faltaram os palpiteiros e falsos gurus de plantão que proferiam patacoadas como: “essa banda não chegará ao segundo disco”, “esse grupo não passa de um enorme engodo sonoro” e “são apenas quatro moleques sem um pingo de qualificação musical, não vão longe, não”.

Bem, a esses e outros muitos tolos que desejavam a extinção da banda, o Sabbath os calou colocando na praça seu segundo álbum, Paranoid, e marcando definitivamente sua posição na cena musical. Mesmo com pouco tempo para criar o disco, pois a turma estava em turnê para a divulgação de seu debute, o então novo material do grupo chegou ainda mais provocador, com o teor lírico afiado, debochado e ousado; os arranjos subiram de nível; os riffs marcantes de guitarra se consolidaram como uma das principais marcas registradas do quarteto; a performance de Ozzy se mostrou mais segura e ampla e o flerte das linhas rítmicas com o jazz ficaram mais explícitas.

Em suma, o Black Sabbath, em oito canções, que totaliza pouco mais de quarenta minutos de som, atestou ao seu público e, principalmente àqueles que queriam a sua cabeça, que estava no jogo para ficar; não era um mero produto que duraria um verão e seria substituído por alguma outra novidade com pouca e ou nenhuma envergadura artística.

Dito isso, não é fora de esquadro ou desatino afirmar que Paranoid é a consagração da carreira do grupo; obviamente outros discos chegaram adicionando peso e robustez à discografia, mas a validação como um dos maiores ativos e personagens do rock e heavy metal fora com o seminal Paranoid.

Deixe um comentário (mensagens ofensivas não serão aprovadas)