O trabalho duro, empenho, dedicação e mais inúmeros adjetivos que contêm este teor assertivo podem e devem ser atribuídos ao grupo norte-americano, Deicide. Não fora à toa, tampouco por mero acaso que a banda, em seus mais de trinta anos de atividades, deixou sua marca e canções forjadas em labaredas fumegantes nos anais do death metal.
E para saber de seu novo álbum de estúdio, Overtures of Blasphemy, que será lançado no próximo dia 14 setembro, o RockBizz foi bater um papo com o baterista Steve Asheim, que não hesitou contar tin tin por tin tin e os pormenores do novo disco que tem todos os predicados a ser um dos melhores materiais já lançado pelo grupo. Então, sem delongas, porque quem tem a palavra é Steve.
O novo álbum do Deicide, Overtures of Blasphemy, está mais obscuro do que nunca. Você acredita que o disco é uma representação fidedigna de nosso mundo nos dias de hoje?
Steve Asheim: Não o mundo todo, mas algumas partes, com certeza. Eu tive alguns anos difíceis, então, pode ser o reflexo disto. De qualquer forma, se você olhar bem profundamente, você encontrará escuridão até mesmo em você.
Liricamente, Overtures of Blasphemy continua a cruzada do Deicide não só contra o cristianismo, mas contra todas as religiões. Como você quer que estas letras sejam interpretadas pelos ouvintes?
Steve: Bem, é meio óbvio como deve ser interpretada, já que não há nenhum significado escondido e está tudo bem explicado para todo mundo. Os fãs podem se relacionar pessoalmente com as letras, usá-las como tópico de um bate papo ou apenas curtir como death metal se quiserem apenas diversão.
Para a produção, vocês trabalharam, mais uma vez, com o Jason Suecof. Esta parceira entre o Deicide e Jason está funcionando muito bem, não é? Overtures of Blasphemy soa pesado, cativante e energético.
Steve: Que bom! Sim, Jay é um cara muito legal e uma ótima pessoa para se trabalhar junto. Ele é fã da banda e traz muito à mesa em relação à produção. Ele tem um ouvido ótimo, e é muito engraçado, também.
A propósito, o que Jason adiciona ao som do Deicide?
Steve: Ele traz esta qualidade de produção para o nosso som. Ele é muito meticuloso quando se trata de timbre, nós gastamos alguns dias só para escolher com qual prato da bateria íamos gravar. Além disso, ele é um ótimo guitarrista, então, contribuía com muitas ideias para os caras [Kevin Quirion e Mark English]. Ele é uma grande combinação de talentos.
As músicas têm muitas texturas, sendo que algumas foram usadas no passado; algumas são novas para o Deicide. O quão difícil é equilibrar essas influências ao DNA da banda?
Steve: Bem, algumas coisas, com certeza, são parte do que somos musicalmente e são reconhecíveis, o que é ótimo, já que é o nosso estilo. Os novos elementos vêm com a evolução da banda tentando fazer com que nossas velhas ideias evoluam também, ganhando uma nova perspectiva para que funcione ainda melhor e para que possamos tirar o máximo de proveito do material e ajude as músicas alcançarem todo o seu potencial.
Há músicas em Overtures of Blasphemy que tem apelo a todo tipo de fã de metal, não só àqueles que curtem death metal. Isto foi planejado ou foi só um feliz resultado do processo de composição do álbum.
Steve: Foi um feliz resultado, nada, realmente, intencional. Foi apenas um produto do processo. Eu fico feliz de ter algo para todo mundo, é muito raro alcançar isto, estou muito feliz de termos conseguido. Assim que o disco ficou pronto, a gente meio que sabia que tínhamos algo especial nas mãos.
Teve algum tipo de pressão para que a banda entregasse o ótimo material que está em Overtures of Blasphemy? Foi um processo difícil a composição deste disco?
Steve: Sempre tem pressão para entregar um material bom, às vezes você consegue corresponder; às vezes, não. Foi um processo difícil, sim. Tivemos algumas etapas difíceis, onde aconteceram muitas coisas, então, nós tivemos que superar tudo.
Mas tudo foi ficando 100%, e nós não desistimos de nenhum detalhe, o que pode ser bem difícil quando você está criando algo. Mas sempre vale o esforço. Você sai com algo que você se entregou totalmente, e se os fãs se entregarem ao disco é porque nós o fizemos da mesma forma.
Cinco anos separa Overtures of Blasphemy de seu predecessor In the Minds of Evil. Por que vocês levaram tanto tempo para lançar material inédito?
Steve: In the Minds of Evil foi lançado, na verdade, no dia 13 de dezembro [2013], então, é quatro anos, mas eu entendi seu ponto. Você sabe que coisas boas levam tempo. Nós não queríamos apressar nada. A gente teve alguns atrasos em cada processo ao longo de todo trabalho, mas acabou valendo muito a pena. O segredo é ser paciente com as circunstâncias e não forçar o processo. Coisas boas vêm àqueles que esperam, então, espero que todos achem que tenha valido a pena.
A capa de Overtures of Blasphemy é maravilhosa. Qual foi o artista que a fez? O meu release não informa o nome do artista.
Steve: Foi Zagniew M. Beilak! Ele é um grande artista e fã da banda. Ele, na verdade, fez o trabalho enquanto escutava o disco, o que foi bem legal. Então, a capa foi inspirada pelo próprio álbum, que é outro toque legal neste disco.
Steve, vamos falar um pouco sobre o passado. Quais são as suas memórias do começo do Deicide?
Steve: Algumas boas, algumas ruins! Muita tensão e loucura. Muitas coisas eu não me importaria de esquecer. Mas eu guardo as boas recordações, o que ajuda a manter o presente e o futuro em perspectiva.
O que você escolhe como destaque na sua carreira com o Deicide?
Steve: Algumas grandes viagens e um punhado de shows estão na minha cabeça. Todo disco é uma conquista, mas ver as pessoas segurarem nosso primeiro álbum foi algo muito especial. Além disso, ver nosso novo disco ser tão bem recebido neste estágio de nossas carreiras é com certeza o destaque.
Assim que Overtures of Blasphemy for lançado, vocês cairão na estrada. Tenho certeza que os fãs brasileiros mal podem esperar para assistir ao show do grupo.
Steve: Com certeza uma viagem ao Brasil está em nosso futuro. A gente teve aí no ano passado. Nós nos divertimos muito e fizemos ótimos shows. Então, espero retornar aí com o novo disco.
Obrigado pela entrevista. Este é seu espaço, você pode fazer qualquer consideração.
Steve: Muito obrigado pelo seu tempo e interesse e de todos os nossos fãs, nós não poderíamos fazer nada sem vocês. Esperamos tocar para vocês em breve.