Dave Murray é o segundo comando que impulsiona o Iron Maiden

No final da década de 1970, o complexo e hedonista rock progressivo já dava claros sinais de desgaste; sendo assim, o punk rock surgiu como uma direta oposição aos sofisticados acordes, andamentos e melodias do prog.

O classic rock setentista bancado por nomes como Led Zeppelin e Deep Purple também começou apresentar certa desnutrição musical, portanto, um chacoalhão, uma revolução, se preferir, era mais do que necessária. Logo, na fria Inglaterra começou um movimento que mudaria os rumos da música pesada, o New Wave of British Heavy Metal – famoso pela abreviatura: NWOBHM.

New Wave of British Heavy Metal

A nova onda sonora britânica se consagrou no comecinho dos anos 80, sendo representada por grupos do quilate de Saxon, Def Leppard, Diamond Head, Raven, Angel Witch e Iron Maiden. O expoente de tal cena é, sem a menor dúvida, a Donzela de Ferro.

O grupo capitaneado por Steve Harris era a tempestade perfeita: repertório, visual – cortesia do mascote Eddie -, empresariamento, apresentações impecáveis e muita sede de chegar ao topo de sua seara artística eram alguns dos recursos à disposição do quinteto.

DNA sonoro

O estilo musical do Maiden é um patrimônio irretocável do heavy metal. O ritmo galopado encontra perfeita harmonia com as linhas melódicas e exercem uma ideal cama para que a voz de seu vocalista, seja na persona de Paul Di’Anno, Bruce Dickinson ou Blaze Bayley, se sustente e ganhe ainda mais projeção.

Dave Murray – A arma secreta

Se Steve Harris é o capitão do barco, o guitarrista Dave Murray é o imediato, pois é o segundo na sequência de comando e responsável pela superintendência da banda. Talvez o leitor esteja imaginando Dave dando ordens, mandando fazer isso ou aquilo – não, o ponto não é este. O foco aqui reside no valor musical que Murray trouxe ao estilo do Maiden.

Influenciado por gênios como Richie Blackmore (Deep Purple), Paul Kossoff (Free) e Martin Barre (Jethro Tull), o guitarrista londrino ajudou a incorporar no código genético do Iron intervalos de terça e sexta; assim, com as linhas de guitarra de seus parceiros – Adrian Smith ou Janick Gers – há  diálogos guitarrísiticos em elegante concordância.

Prefiro Fender

Influenciado pelo já citado Paul Kossoff, do Free, Murray optou por dar vida a sua arte por meio das guitarras da gigante Fender.

Equipado com humbuckers Seymour Duncan Hot Rails, DiMarzio Super Distortion e PAF, o arsenal de Dave soa quente, gordo e feroz para que o músico possa cobrir cada brecha do som da Donzela de Ferro.

Apesar da preferência por Fender, o guitar hero, que tem uma personalidade tímida e contida, tira onda, vez ou outra, com Gibson Les Paul Standard, que segue o mesmo padrão de captação da Fender.

Tudo ligado

O artista impõe um certo frescor nas manjadas escalas menores e pentatônicas menores ao abordá-las com bastante velocidade, ligados ascendentes e descendentes e pequenos arpejos e sweeps de duas cordas.

O playing do guitarrista é leve e com poucas palhetadas, além disso, ele usa e abusa de bends: 1/4, 1/2, 1 tom e, até mesmo, de 2 tons. Haja dedo para aguentar a bronca!

Solos

Diferente de seu parceiro de longa data Adrian Smith, por exemplo, que executa os solos de forma mais próxima ao que fora registrado em estúdio, Dave prefere uma abordagem mais livre e improvisada, dando, em alguns casos, outra identidade aos solos.

Alto e bom som

Para segurar a onda de seu poderio sonoro, Dave vai de amplificador Marshall JCM2000, caixas da Marshall 1960 em linha reta com falantes da Celestion. Ou seja, não é um alquimista sonoro, prefere o jogo ganho, o que não tira seu mérito artístico, tampouco o de seu peculiar timbre.

Pedais e efeitos

Adepto do menos é mais, o músico complementa seu som com efeitos como MXR Phase 90, Wah-wah e Tube Screamer. Nada mirabolante, apenas o bom e velho arroz e feijão, mas muito bem temperado.

The Future Past Tour 2023

Para a turnê deste ano, que foi focada nos álbuns Somewhere in Time (1986) e Senjutsu (2021), o artista aderiu ao Axe-Fx III; produto que deixou seu setup ainda mais enxuto, com mais opções sonoras e essencialmente mais potente.

Resumo da ópera

Muitos fãs das seis cordas adoram citar nomes celebrados como Steve Vai, Joe Satriani, Yngwie Malmsteen, Randy Rhoads, Paul Gilbert e Jake E. Lee como alguns dos maiores da cena. No entanto, sem a elegância, sacada e técnica impecável de Dave Murray, o heavy metal e o universo guitarrístico teria uma outra cara – possivelmente mais opaca, vai saber.

Para nossa sorte, Murray está na ativa até os dias de hoje, esbanjando boa forma em estúdio e nas apresentações ao vivo do Iron Maiden. Então, vida longa, Dave!

Bônus – Cinco solos matadores do guitar hero britânico:

1 – Caught Somewhere in Time

2 – Flight Of Icarus

3 – Run To The Hills

4 – Seventh Son of a Seventh Son

5 – Man On The Edge

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