É senso comum entre os fãs de metal taxar o imponente Rust in Peace (1990) como o ápice criativo do Megadeth! E é para lá de merecido toda abundância de adjetivos superlativos ao disco, pois é uma obra musical cirurgicamente concebida pelo ‘dream team’ do thrash metal: Dave Mustaine (vocal e guitarra), Marty Friedman (guitarra), David Ellefson (baixo) e Nick Menza (bateria).
A lógica do sucesso poderia vociferar nos ouvidos de Mustaine e companhia que seria um crime inafiançável mexer na precisa e vitoriosa equação musical implementada em Rust in Peace. Algo como: Não mexa em time que está ganhando! Mas o quarteto queria dar um passo além e provar que novos ares e territórios poderiam ser extremamente benéficos ao grupo.
Em 1992, sob o curioso e debochado nome de Countdown to Extinction, o Megadeth mostrou mais uma faceta de sua carreira. O som veio embalado numa abordagem mais simplista que outrora, dando clara ênfase aos refrãos pegajosos e aos solos e riffs de guitarra mais vocálicos – aqueles que você consegue acompanhar cantando cada nota.
Apesar do evidente mergulho em águas comerciais, o disco não fechou as portas aos aspectos mais pesados de seu DNA musical. Houve espaço para comunhão de ambas perspectivas musicais. Há quem diga que tal abordagem sonora fora deliberadamente influenciada pelo sucesso comercial de Metallica – Black Album, lançado em 1991. Bem, é o que a boca miúda anda espalhando por aí.
O fato é que Countdown to Extinction foi a primeira e bem-sucedida tentativa do Megadeth em soar radiofônico, além do mais, é nítida a intenção do quarteto em querer se desvencilhar de parte do teor sisudo apresentado nos trabalhos anteriores.
Para o deleite de alguns e o choro de outros, o Megadeth, em discos como Youthanasia (1994) e Cryptic Writings (1997), aprofundou ainda mais o flerte com as melodias açucaradas que permeiam as FMs, mas isso é assunto para um outro dia.