Desde o começo de carreira, o Metallica tinha na figura do baixista Cliff Burton o arrojo e elevação musical. O músico colocou o sarrafo harmônico e melódico no alto, o que obrigou James Hetfield (vocal e guitarra), Lars Ulrich (bateria) e Kirk Hammett (guitarra) praticarem e se atentarem aos pormenores da composição.
No entanto, com a morte de Burton em 1986, o navio ficou sem o seu principal capitão; consequentemente, uma navegação por diferentes águas era mais do que esperada. Discos como …And Justice for All (1988), Metallica (1991), Load (1996) e ReLoad (1997) mostraram o quão o grupo estava disposto a experimentar musicalmente.
Em 2009, durante entrevista à revista Metal Hammer, Hetfield afirmou que Cliff Burton seria contra o direcionamento musical do Metallica nos anos 90. Cabe relembrar que em tal década, o grupo flertou com estilos como rock alternativo, nu metal e, até mesmo, grunge, o que deixou muitos fãs rangendo os dentes.
“Com certeza, haveria alguma resistência de Cliff”, disse James. “Acho que The Black Album foi um ótimo álbum e aprecio o fato de termos tido a coragem de fazê-lo, mas teríamos enfrentado objeção de Cliff a ele”, pontuou.
“Acredito que Cliff teria introduzido algumas coisas diferentes no disco; ele ia fazer seu baixo ser ouvido e viria com materiais mais desafiadores, musicalmente”, acrescentou. “Já na era Load e ReLoad, eu teria ele como um aliado contra tudo aquilo: a versão U2 do Metallica”, ressaltou.
“Existem ótimas músicas nesses álbuns, mas a ideia do cabelo curto, maquiagem e roupas extravagantes não eram necessárias”, completou. “Além disso, a quantidade de músicas que foram escritas diluíram a potência do veneno do Metallica. Acho que Cliff teria concordado com isso”, finalizou.