Após o anúncio de que o AC/DC recrutaria Axl Rose para ser o vocalista do grupo nas datas remanescentes da turnê Rock or Bust, muitos fãs criticaram a ação rápida, já que ela significava o afastamento definitivo do vocalista de longa data, Brian Johnson, da banda.
Entretanto, em um novo comunicado divulgado na manhã desta terça, 19, Johnson explica que foi a ameaça de “surdez total”, e não os ex-companheiros de banda, que o forçou a sair do AC/DC.
No último mês de março, o AC/DC abruptamente adiou 20 shows tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, depois que médicos advertiram Johnson a abandonar os shows ou correr o risco de “perda total da audição”.
“Este foi o dia mais sombrio da minha vida profissional”, disse Johnson sobre o diagnóstico, no comunicado. Mesmo antes do aviso, o vocalista diz ter percebido que algo estava auditivamente errado enquanto se apresentava no palco.
“Eu fiquei ciente, em uma época, que minha perda de audição parcial estava começando a interferir na minha performance em cima do palco”, admitiu Johnson no texto. “Eu estava tendo dificuldade em ouvir as guitarras no palco e como eu não era capaz de ouvir os outros músicos de maneira clara, senti que meu desempenho poderia ser comprometido.”
Ele continuou: “Com toda a honestidade, isto foi algo que, em sã consciência, eu não poderia permitir. Nossos fãs merecem meu desempenho no mais alto nível, e se por alguma razão eu não posso entregar este nível de performance, não vou desapontar nossos fãs e envergonhar os outros integrantes do AC/DC.”
“Não sou um desistente e gostaria de encerrar o que comecei, entretanto, os médicos deixaram bem claro para mim e meus colegas de banda que eu não tenho escolha a não ser parar de me apresentar nos palcos dos shows remanescentes e possivelmente depois deles”, escreveu Johnson.
O vocalista comenta que buscou o conselho de especialistas, os quais apenas reiteraram que tocar em estádios e outras arenas de grande porte, “onde o nível de som está além da minha tolerância atual”, significaria uma grande ameaça à capacidade auditiva de Johnson.
O desenrolar da situação deixou o cantor “pessoalmente aniquilado” por ele não poder se apresentar para os fãs do AC/DC por um futuro indeterminado. “A experiência emocional que sinto agora é pior que qualquer coisa que eu já senti anteriormente na vida”, disse.
“Ser parte do AC/DC, fazer discos e tocá-los para milhões de fãs devotos nos últimos 36 anos tem sido parte do trabalho da minha vida”, disse Johnson. “Não consigo imaginar seguir em frente sem ser parte disso, mas agora eu não tenho escolha. A única coisa certa é que eu sempre estarei com o AC/DC, em cada show, em espírito, se não pessoalmente.”
Para mostrar que não há animosidade entre eles os ex-colegas de banda, Johnson escreveu, no mesmo comunicado: “Meu muito obrigado também vai a Angus [Young] e Cliff [Williams] pelo apoio que me deram.”
Apesar da situação com a audição, Johnson prometeu aos fãs que ele não está se aposentando da música, mas apenas dando um passo para trás momentaneamente para reparar os problemas de audição.
“Meus médicos me disseram que eu posso continuar a gravar em estúdio e eu pretendo fazer isso”, disse Johnson. “No momento, todo meu esforço está em continuar o tratamento médico para melhor minha audição. Espero que dentro de algum tempo minha audição vá melhor e me permitir voltar a cantar em shows. Ainda que o resultado seja incerto, minha atitude é otimista. Só o tempo dirá.”
O AC/DC com Axl Rose vai à Europa em maio para fazer os dez shows reagendados de Rock or Bust por lá. Depois, Rose embarca na turnê de retorno da formação “clássica” do Guns N’ Roses, Not in This Lifetime e, na sequência, o vocalista ainda faz mais dez shows com o AC/DC, ainda não remarcados, na América do Norte.