Blizzard of Ozz é o dedo do meio àqueles que davam Ozzy Osbourne como caso perdido

O cenário não era lá tão promissor; na verdade, era bastante soturno e triste! Ozzy Osbourne fora chutado para fora do Black Sabbath por pisar demais na jaca – vejam só a ironia da coisa toda, como se Tony Iommi e companhia fossem querubins da fonte criadora – e saiu com uma mão na frente e outra atrás.

Despachado à própria sorte, o Madman se embrenhou num quarto de hotel em Los Angeles, com o foco de dar cabo a sua vida, bebendo e se drogando horrores; o artista só recebia o cara da pizzaria e o cara que levava as “coisitas”. Bem, gostem ou não, a primeira mão salvadora fora a de Sharon Arden – futura Senhora Osbourne – que tratou de ajudar e limpar a bagunça mental, emocional, física e profissional em que Ozzy se encontrava.

Em pouco tempo, o Príncipe das Trevas já estava vislumbrando no horizonte uma possibilidade de voltar à música e ao terreno sagrado, o palco. Com o apoio de uma banda afiada nos mais pormenores detalhes formada pelo guitarrista Randy Rhoads, baixista e letrista Bob Daisley, baterista Lee Kerslake e tecladista Don Airey, o cantor deu vida a seu primeiro álbum solo, Blizzard of Ozz, em 1980.

Quando ganhou o cartão vermelho do grupo, o Madman não levou somente sua voz de timbre peculiar, o vocalista levou embora, em sua bagagem de mão, grande parte do carisma em torno da entidade metálica Black Sabbath. E esse carisma, Osbourne estava usando e esbanjando em sua nova empreitada musical.

Os números de Blizzard of Ozz são superlativos, já que vendeu mais de cinco milhões de cópias ao redor do planeta, garantiu a vigésima posição na Billboard 200 e a sétima posição nas paradas britânicas, além disso, emplacou dois singles de sucesso: Crazy Train e Mr. Crowley.

Taxar o álbum como uma coletânea de greatest hits não é nenhum exagero; verdade seja dita, não há uma nota fora lugar; todas as canções foram meticulosamente composta e arranjadas; a disposição das músicas no repertório foi cirurgicamente concebida, o que favorece uma audição fluida e agradável.

E tem mais, a timbragem polpuda e dinâmica é um belo convite ao ouvinte aumentar o volume do player sem pensar duas vezes. O conteúdo lírico da obra é super bem sacado, com trocadilhos astuciosos e humor sarcástico e seco, dessa forma, o material se distanciou do trabalho de boa parte da turma que adorava falar sobre dragões e seres encantados.

A cereja em cima da obra é a produção de Max Norman, que deixou tudo encorpado, vivo e dinâmico. Uma prova disso é a possibilidade de perceber novas nuances e detalhes em cada audição do álbum.

Pode soar meio presunçoso, mas parece que com o Black Sabbath, Ozzy Osbourne estava apenas esquentando os motores para realmente alçar voos maiores em sua carreira. O Príncipe das Trevas é uma das figuras mais discutidas e mais fundamentais de toda história do rock n’ roll e heavy metal, e isso não é pouca coisa, não.

Blizzard of Ozz é essencialmente o dedo do meio àqueles que davam Ozzy Osbourne como caso perdido! Queimaram a língua e precisaram, muito a contragosto, engolir todas as palavras maledicentes dirigidas ao Madman.

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