A história é conhecida a todos, mas não custa rememorar brevemente trajetória da primeira e maior banda de heavy metal do planeta! No final da década de 1960, com o rock submerso num mar psicodélico de um superficial sentimento de paz e amor, a juventude mais pé no chão sentia que muito daquilo era sintético, o que abriu margem a novas nuances musicais.
Imbuído do ímpeto de incomodar o status quo da sociedade e fazer um som que servisse como uma trilha sonora de filmes de terror, o Black Sabbath chegou com a insólita temática ocultista, o que fora mais do que suficiente para ser apregoado como o agente da contracultura e, consequentemente, ser taxado de persona non grata pela massa cheirosa de tal época.
Em sua trajetória, conturbada e tempestuosa, virtuosa e original, a banda, por intermédio de seu fiel tutor Tony Iommi, conseguiu se manter fiel ao som; não aderiu aos fartos movimentos musicais que se autodeclaravam a salvação do rock e metal. Dessa forma, o Black Sabbath se impôs e alcançou a desejada posição de vanguardista.
Ao longo dos anos, as mudanças de formações foram quase no esquema dia sim e outro também, contudo, discos como Heaven and Hell (1980), Mob Rules (1981) e Headless Cross (1989) provaram que o velho grupo estava vivo e muito bem disposto, ao contrário do que muitos críticos e profissionais da indústria fonográfica desejavam.
Um dos movimentos mais oportunos do grupo nos anos 1990 fora aparar as arestas com o vocalista Ronnie James Dio e trazê-lo novamente ao posto de frontman. É importante ressaltar que o trabalho com o Tony Martin fora de extrema importância e valia ao legado do grupo, porém, ter o baixinho comandando os vocais do velho Sabbath abriria portas que estavam fechadas a sete chaves há anos.
A parceria da turma rendeu o pesado e intenso Dehumanizer, que veio embalado por sons furiosos como Computer God, I, TV Crimes e Time Machine. A vitalidade do grupo estava em dia; a química em estúdio estava intacta, então, a missão seguinte era rodar o planeta de norte a sul, de leste a oeste, para fincar sua bandeira e calar a boca daqueles que queriam e torciam pela sua morte.
A Dehumanizer World Tour teve início no dia 23 de junho de 1992, em São Paulo. No Brasil, passou também por Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Depois seguiu para Argentina, Estados Unidos, Canadá e Europa. A tour seguia com relativa tranquilidade, até então; contudo, na segunda perna norte-americana, quando o grupo fora convidado por Ozzy Osbourne, para ser seu ‘open act’, pois iria se aposentar dos palcos, Ronnie James Dio foi a voz dissonante e raivosa que não topou o projeto.
Dio ficou ainda mais furioso com a situação, depois que a ideia de reunir a formação clássica do Black Sabbath no palco foi ventilada, ganhou corpo e, finalmente, chancelada pelos músicos e pela galera que conta o dinheiro.
Na condução de tal situação, Ronnie lamentavelmente procedeu de forma intempestuosa, e pior, agiu mais com o fígado do que com a cabeça. Causou um grande alvoroço, jogou no ralo todo trabalho realizado anteriormente e azedou de forma quase irremediável a relação com Tony Iommi e Geezer Bulter.
Sem trocadilhos com a altura, por favor, mas James poderia ter sido o ‘grande homem’ da ocasião; poderia ter dado à bênção para tal reunião pontual e estimado sucesso aos quatro membros originais do Sabbath. Se não o fizesse por ele, poderia ter feito pelos fãs. Quem nunca precisou engolir sapo para seguir firme e forte na vida? Dio não soube engolir a situação, pediu o chapéu e ainda levou embora seu ajudante de ordem, o baterista Vinny Appice.
Assim, a Dehumanizer World Tour foi abreviada e o potencial do repertório do álbum caiu por terra, o que obrigou Iommi a voltar a colar os cacos e reconstruir tudo novamente. Dio não precisaria de um esforço hercúleo para transpor o “infortúnio” de ver o Black Sabbath original reunido; era só dar menos atenção a voz do ego e vaidade, muitas idiotices não viriam à tona caso tal orientação fosse usada com certa regularidade.
Até o reino mineral sabe que o vocal de DIO e infinitamente superior.
Sempre tem a questão do dinheiro, Ozzy sempre foi comandado pela esposa e Dio também. Todos tem suas razões e a grana é das mais fortes tanto é que Ozzy proibiu o uso do nome Black Sabbath e por ai vai.