Black Sabbath: Castelo mal assombrado e riffs poderosos são alguns dos destaques de Sabbath Bloody Sabbath

Inimigos nunca faltaram ao Black Sabbath: religiosos, conservadores, cidadãos de bem, advogados e empresários sempre estiveram na cola do quarteto criador do heavy metal. E parece que quanto mais a sociedade puxava a corda para que o grupo se enforcasse, mais os caras criavam obras com teor debochado, pesado e cínico.

A quadra composta por Black Sabbath (1970), Paranoid (1970), Master of Reality (1971) e Vol. 4 (1972) colocaram o conjunto na posição de vanguarda da música pesada, já naquela época. No entanto, na hora em que a birita e as drogas começaram a fazer parte integral da equação criativa da banda, em parceria com as festinhas e groupies, a turma se viu sem carta na manga para baixar um jogo que fizesse frente aos anteriores.

Tony Iommi e companhia deixaram a ensolarada Los Angeles, Califórnia, e toda sua sorte de distração, para retornar a Londres, Inglaterra; cidade fria, nublada e, de certa maneira, soturna, o que é um pano de fundo, uma atmosfera perfeita para o heavy metal.

Para incorporar ainda mais as nuances sombrias de outrora, os caras se instalaram no gótico Clearwell Castle, localizado na Floresta de Dean, em Gloucestershire. Teve até equipamento montado no local onde ficava a masmorra.

A coisa ficou ainda mais interessante quando estranhas criaturas e vultos começaram aparecer para Ozzy, Tony, Geezer e Bill.

O pacote assustador ficou ainda mais completo quando objetos chegaram desaparecer sem nenhuma explicação lógica, passos e barulhos estranhos aconteciam enquanto os rapazes estavam descansando.

Ou seja, era a diabada fazendo o seu importante papel de inspirar a criação de novas pérolas do metal.

Sendo assim Tony, de primeiro, veio com o riff da faixa Sabbath Bloody Sabbath; depois deste ponto, as porteiras estavam abertas, a sinergia com o além e com o governo oculto estavam a todo vapor, desta maneira, as poderosas A National Acrobat e Killing Yourself to Live surgiram sem muito esforço.

Os músicos estavam tão sintonizados entre si e entre suas mais puras fontes criativas que a progressiva Spiral Architect ganhou vida, assim como a sobrenatural Who Are You? e a arrasa-quarteirão Sabbra Cadabra, que conta com a participação do gênio musical Rick Wakeman (Yes).

Em perfeita simetria com o conteúdo musical e lírico, o artista gráfico e ilustrador Drew Struzan criou uma capa em que trazia um pobre homem sendo atormentado por inúmeros demônios enquanto dorme. Adornada com uma aterrorizante caveira e o emblemático numeral 666, a cama do rapaz se tornou um covil, um berço da maldade espiritual.

Até na contracapa Struzan não pegou leve, pois vem estampando um ser moribundo – quiçá morto – e seus entes queridos em completo pranto. Pelo visto, a obsessão chegou ao ponto mais crítico: a subjugação.

O disco, que foi embalado pelos singles de Sabbath Bloody Sabbath e Sabbra Cadabra, já vendeu mais de um milhão de cópias. Além disso, alcançou a quarta posição das paradas britânicas e a décima primeira nos Estados Unidos.

O Madman, em sua biografia Eu Sou Ozzy, de 2009, afirmou que Sabbath Bloody Sabbath foi o derradeiro êxito criativo do Black Sabbath.

“Eu acho que foi o nosso último álbum realmente ótimo! Nós conseguimos encontrar o equilíbrio certo entre o nosso antigo peso e o nosso novo lado experimental”.

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