Com a potência, grandeza e imponência de uma erupção vulcânica, o Black Label Society faz, assim, já nos primeiros acordes e riffs de sua apresentação, o estado de ebulição ser o ponto de partida para toda a festa. E na noite de ontem, 05, no Circo Voador, Rio de Janeiro, o princípio fora o mesmo, no entanto, com adendo de dividir o protagonismo da farra com o público carioca e a banda de abertura, Syren.
O Syren, que tem dois álbuns de estúdios lançados: Heavy Metal (2011) e Motordevil (2015), defendeu com unhas e dentes seu som, reservando destaque para a performance e técnica apurada do vocalista Luiz Syren e os licks velozes do guitarrista Pedro Soriano. Com o que fora apresentado ontem, o grupo merece e tem potencial para estar na vanguarda do metal nacional.
Breve tempo para a mudança de palco e ajustes finais, e num piscar de olhos a gigantesca bandeira, com a caveira símbolo do grupo, à frente do palco cai e revela Zakk Wylde & Cia já em ação e despejando toneladas de riffs na forma da arrasa quarteirão, Genocide Junkies. Se peso era o que os fãs estavam procurando, pois fora exatamente isso que Funeral Bell e Suffering Overdue entregaram ao ‘Rio de Janeiro Chapter’.
As poucas palavras de Zakk entre as canções não o impede que a comunicação com o público seja fluída e intensa, já que o viking norte-americano com um simples gesto fascina e conquista os olhares atenciosos dos fãs. Além disso, o músico compensa com a sensacional performance e uma técnica que beira a inatingível perfeição.
Empunhando e exibindo com um olhar orgulhoso as belíssimas guitarras Wylde, Zakk não poupa os instrumentos ao colocar o Circo Voador abaixo com o peso de sons antigos como Bleed for Me e Suicide Messiah. As novatas A Love Unreal e Room of Nightmares, do ótimo álbum Grimmest Hits, estavam na ponta da língua dos cariocas e mostraram que seu show não é edificado em apenas glórias do passado.
Sem precisarmos nos estender em demasia no assunto, a diferença entre um músico bom e um sensacional está nos detalhes, dito isso, a percepção, por exemplo, de colocar momentos de respiro no show é algo benéfico e inteligente, e o Black Label Society o fez ao executar sons mais calmos e cadenciados como Bridge to Cross, Spoke in the Wheel, The Blessed Hellride e In This River, que é uma merecida e emocionante homenagem aos irmãos Dimebag Darrel e Vinnie Paul.
A trinca final fora de causar ataque cardíaco aos mais sensíveis, já que segurar o peso de Fire It Up, Concrete Jungle e Stillborn, bem como sua profusão de solos velozes e riffs forjados a ferro e fogo, é uma tarefa para quem tem milhagem no fantástico mundo do heavy metal.
Com quase duas horas de apresentação, o Black Label Society fez exatamente o esperado: entreteu sua maciça base de fã carioca com um repertório ímpar e uma apresentação magistral. O dono da festa, Zakk Wylde, é sem dúvida um dos melhores guitarristas do planeta, e isso fora ratificado mais uma vez para o ‘Rio de Janeiro Chapter’.