Inovar, transformar, renovar, mudar… Muitos são os verbos que sugerem ação de desenvolvimento que é uma das forças naturais constantes exercidas sobre tudo e todos, mesmo que a priori tal força seja mal quista, e talvez até imperceptível, é inevitável sua atuação e, consequentemente, seu efeito.
É sob a força constante de desenvolvimento que a banda sueca, Arch Enemy, pavimenta sua carreira e, lógico, aumenta e conquista legiões de adeptos a sua arte, o que fora fácil, fácil, comprovado no último dia 06, em sua primeira passagem na capital fluminense, quando o lendário Circo Voador viu suas estruturas estremecerem diante da desgraceira vinda dos PA’s.
Mas antes do apocalipse sueco transformar a tenda do Circo num prazeroso purgatório, o primeiro ato da noite ficou por conta da banda carioca, Melyra, onde seu bem vindo heavy tradicional temperado com boas doses do supra-sumo do hard rock, ganhou espaço e merecida adulação por parte do público. Canções do EP, Catch me If You Can, como “Beyond Good and Evil”; “Nightmare #1”; “Silence” e “Trip to Hell” dão perspectivas animadoras à banda, o que a pode reservar um futuro otimista e próspero.
O segundo e último ato da noite foi sob a regência do caos sonoro que atende também pelo epíteto de Arch Enemy. Em débito com o público carioca, a banda se retratou com uma apresentação pautada pelos irrepreensíveis predicados de sua música e, lógico, pelo brilhantismo individual dos seus músicos.
“Enemy Within” é o pontapé em noite de ode ao heavy metal da morte, e foi sem tempo para respirar ou mesmo vislumbrar um breve raio de luz em meio ao inferno instrumental que a canção homônima ao novo álbum,“War Eternal”, ganha os falantes e profere a essência que se manteria por toda apresentação da banda.
O fundamento da afirmação inovação, renovação e mudança vêm, primeiramente, alicerçada pela genialidade do maestro da morte, Michael Amott (guitarra), e consequentemente por suas decisões, pois congregar seu talento ao de Alissa White-Gluz (vocal) trouxe energia extra ao que já era estabelecido como ótimo.
Como não bastasse, a inovação veio também sob a extraordinária habilidade de um dos mais importantes guitarristas da atualidade, Jeff Loomis (ex-Nevermore) – completa a banda Sharlee D’Angelo (baixo) e Daniel Erlandsson (bateria) –, onde sua experiência e técnica fazem da banda uma máquina que vocifera riffs e solos capazes de gerar uma avalanche sonora de proporção devastadora.
“No More Regrets”; “My Apocalipse”; “Dead Eyes See No Future”; Dead Bury Their Dead”; “We Will Rise” e “Nemesis” são alguns dos temas que reclamam o direito de serem taxadas como clássicas do metal da morte e foram responsáveis pelo hecatombe em forma de urros, gritos, mosh pits, punhos cerrados ao ar…
Os céticos indagariam o motivo para tanta bajulação, entretanto, só quem saiu de casa e foi presenciar o maravilhoso purgatório musical proporcionado pelos suecos consegue mensurar o prazer de ver uma banda já estabelecida, mas que mantém o sangue nos olhos de quem tem que provar seu valor e/ou talento ao mundo. E, para o prazer de seu fiel público, o Arch Enemy é assim.
Escrito por: Marcelo Prudente