Angels Cry é um dos principais álbuns do heavy metal nacional e um dos mais icônicos de toda cena power metal. Das letras ao solos e riffs de guitarra, da performance vocal de Andre Matos às orquestrações e arranjos, o disco é um primor do começo ao fim e colaborou para enfatizar o poder do metal brasileiro.
No entanto, o processo de gravação do álbum não foi lá muito tranquilo. Apesar do quinteto ter descolado contrato com gravadora e grana para ir para a Alemanha dar vida ao disco, o dia a dia com o produtor Charlie Bauerfeind (Helloween, Blind Guardian, Gamma Ray, Hammerfall) foi, digamos, desafiador, pois o profissional praticava bullying com os jovens.
Em participação no podcast Flow, o ex-guitarrista da banda, Kiko Loureiro, relembrou os perrengues durante as gravações de Angels Cry.
“Fomos para a Alemanha gravar o Angels Cry! Chegando lá, o produtor falou: ‘vocês não sabem nada, vocês são ruins’. Bem, ele não falou assim, mas falou pior. Nós percebemos que não sabíamos tocar direito, nós estávamos abaixo do nível de excelência exigido.
As músicas eram boas, mas o cara as botou em outro nível. Nós éramos moleques que não tinham experiência alguma em estúdio. Tivemos que trocar de baterista, porque precisava de um músico sólido, e ele chamou um batera alemão [Alex Holzwarth].
Eu não esqueço o primeiro dia da gravação; a primeira música foi Queen of the Night. Não é que eu me achasse bom, mas na minha turma eu era o melhor, mas, quando cheguei lá, só para gravar uma guitarra base levei cinco horas. A gente penou demais!
Teve muito bullying do produtor! Ele colocava o volume do amplificador no zero e falava que daquele jeito estava bom; ele batia na porta fora do tempo e falava que era assim que brasileiro batia na porta; ele falava que a gente não sabia tocar no tempo.
Apesar de tudo, ele colocou a gente na linha, nos mostrou como as coisas funcionavam, o que foi muito importante! Levamos uns dois ou três meses para gravar o disco, mas tudo foi um aprendizado violento”.
Eis no tocador abaixo a entrevista completa de Kiko Loureiro ao podcast Flow: