O Angra já teve a faca e o queijo na mão e poderia ter se transformado em uma das maiores bandas de metal do planeta. Oportunidades únicas bateram a sua porta, mas foram negligenciadas por parte da banda e, principalmente, pelo antigo empresário do grupo.
Durante entrevista ao Ibagenscast, o guitarrista Rafael Bittencourt citou brevemente como era o panorama na época e os motivos que impossibilitaram fechar contrato com Rod Smallwood, poderoso chefão da gravadora Sanctuary e empresário do Iron Maiden.
“O Andre [Matos, vocalista] cessou relação pessoal comigo muito cedo, no começo do Angra. Na fase do Holy Land [segundo álbum do grupo, lançado em 1996] já foi difícil, depois da turnê do disco ele não falava mais comigo.
Então quando veio isso daí, ele provavelmente debatia essas questões com o Toninho [Antônio Pirani, ex-empresário da banda]. Com Kiko [Loureiro, guitarra], ele começou ter problemas, também. Eu sabia que eu desejava muito aquilo, mas precisaria passar pelo Antônio Pirani numa época em que tudo era conversado por fax e telefone, então tudo era mais lento, demorado e difícil.
Eu não tinha contato com Rod Smallwood! Eu era uma sombra ali atrás que colaborava no Angra; eu não era o Kiko Loureiro que aparecia nas capas da Young Guitar, e também não era o Andre Matos. E eu me lembro que os caras queriam um acesso direto ao Andre, e as gravadoras conversavam com Andre, mas ninguém conversava comigo. Eu acabei aceitando aquele furacão de informações, vontades, etc.
E esse não foi o único cara que se interessou pelo Angra! O empresário do Journey dos tempos áureos, que também estava envolvido em algo do Aerosmith e Manowar, assistiu o Angra no Gods of Metal, na Itália, e pirou no Angra.
A gente estava na turnê do Holy Land, fazendo batucada e aquela coisa toda. Isso não existia, o mundo estava precisando dessa originalidade. Mas eu apitava pouco por mais que tivesse uma personalidade forte; politicamente, a minha opinião não importava.
Mas pensei que as coisas iriam rolar, eu tinha as maiores expectativas, mas as coisas acabaram não acontecendo. E eu fui acreditando nas informações que Antônio Pirani me falava: ‘Olha, não rolou por causa disso e daquilo’. Mas não fiquei sabendo a opinião do Andre e as conversas [com os empresários]”.
A entrevista completa está disponível no player a seguir:
E por falar em Angra, o novo álbum de estúdio do grupo, intitulado Cycles of Pain, será lançado no dia 03 de novembro.
O sucessor de Ømni, de 2018, contará com a participação do cantor Lenine na música em português Vida Seca. As cantoras Amanda Somerville (Avantasia, Kiske/Somerville) e Vanessa Moreno também participarão do novo trabalho do Angra.
Cycles of Pain foi mixado e masterizado por Dennis Ward (Helloween, Magnum, Firewind) e a arte da capa idealizada pelo ilustrador Erick Pasqua.