André Matos Ganha Homenagem Na SuperLiveNerd Rock

Uma versão de “Make Believe” gravada pelo Angra será apresentada na SuperLiveNerd Rock, neste domingo (19), e servirá como homenagem a André Matos, ex-vocalista do grupo, que morreu há um ano.

Fizemos uma releitura acústica de ‘Make Believe’, com a formação que as pessoas consideram a clássica da banda”, conta o guitarrista Rafael Bittencourt. O músico também participa do evento com o Bittencourt Project, seu projeto paralelo. Com este, mostra “Torment of Fate”,

“O título da música significa ‘tormenta do destino’. Quando eu a escrevi, em 2008, falava sobre uma grande tormenta que vinha para acordar a humanidade no sentido de se portar, de se repensar o jeito de ser não só individualmente como coletivamente. É super apropriada ao momento que estamos vivendo”, diz Bittencourt.

“O COVID-19 colocou no mesmo saco as 7,2 bilhões de pessoas que trafegam por aí tão individualmente. Uniu do mais pobre ao mais rico em um mesmo assunto, em algo que nos conecta para encontrar uma solução conjunta que beneficie a todos. A humanidade, depois de tanto progresso na ciência, na tecnologia, tem que conviver com um problema sanitário, com uma questão de saúde pública. Então essa música, “Torment of Fate”, é bem apropriada para este momento. E o Omelete queria isso: uma música, um vídeo que simbolizasse algo importante”, conta.

“Bittencourt Project é um projeto que comecei em 2008 e nunca pude me dedicar com carinho a ele. É menos heavy metal e mais rock, sem querer competir com o Angra, e estou muito feliz de poder mostrar essas duas faces na Super Live Nerd”, fala o guitarrista.

“O Project ficou como um documento bem pessoal, menos comercial, sem compromisso com gravadora ou com alguma outra pessoa que não fosse eu mesmo, inclusive em termos de estilo e de estratégia. Já o Angra é um organismo vivo, com membros, ex-membros, gravadoras, produtores, muitas pessoas envolvidas, além do próprio público. É uma coisa muito maior. Então o Angra respeita o legado e uma espécie de protocolo de estilo. Com o Bittencourt Project eu pude testar coisas. E agora estamos numa nova agência, a Palco 1, que abraçou não só o Angra, como também o Project”, conta.

Ele fala também sobre o evento deste domingo. “O Omelete nos pediu, assim como para outras bandas, conteúdo exclusivo. O bacana é que o site sempre foi voltado ao universo geek e agora mostra essa aproximação com o rock, e justamente faz essa homenagem ao Dia do Rock [celebrado no dia 13 de julho]. Eles nos deram total liberdade, mas pediram que fosse algo especial, que realmente tivesse um grande significado. No caso do Angra, é a versão de uma música que gravamos em 1994, que depois revimos em 1996. Então são quase 25 anos.”

E como foi a gravação dos dois vídeos? “Foi remota. Cada um na sua casa, à sua maneira. Alguns têm equipamento profissional. outros gravaram pelo celular; alguns com celular que tem câmera que filma em 4k, outros com um celular ‘ultrapassado’ mesmo”, lembra.

“Até havia intenção de trocar o celular [esse ‘ultrapassado’], mas, com a pandemia, as lojas estavam fechadas. É como se o mundo tivesse sido congelado. Completamos mais de 100 dias, no Brasil. Parece que o mundo parou”, diz Rafael.

“Vejo como se fosse na Fórmula 1. A humanidade fez um pit stop.”

Bittencourt avalia o papel dos músicos na atual crise decorrente da pandemia. “O artista, agora, passa a ter um novo papel na sociedade. Assim como, na linha de frente, os médicos acolheram quem estava doente, os músicos acolheram quem estava em casa, entediado, confuso, aflito, sem direção. Foram os artistas que lhes deram um sentido, por meio de livros, séries, músicas, filmes. Foi a arte que acolheu as pessoas, neste momento.”

Rafael também conta o que pensa sobre as lives. “Os artistas conseguiram se despir da superprodução e mostrar uma coisa mais verdadeira, mostrar aquilo que são no dia a dia. Foi o que fizemos: cada um com seus recursos, nos sincronizamos e fizemos esses vídeos com a maior sinceridade e amor.”

“Tenho acompanhado artistas que eu gosto, tipo Peter Gabriel, U2, Elton John, Paul McCartney, e vejo que as produções que eles têm feito, neste momento, são muito verdadeiras, muito reais”,continua.

E vai adiante: “Vejo a live como uma coisa positiva. O artista abre seu celular e grava algo que o aproxima do público. Só por aí já é algo superpositivo. E agora passou a ser um hábito. Virou uma nova forma de entretenimento. Coloca o artista de volta a um patamar de encantamento, de abertura de novas perspectivas, já que o artista é a pessoa que consegue dar voz ao que as pessoas sentem. Então as lives levam o artista de volta ao protagonismo social.”

Também dá sua visão sobre o futuro do formato. “A sociedade já está reabilitada ao sistema de delivery e as lives devem se estender. O velho mundo que a gente conhecia não volta de repente. Então os shows devem ser adaptados para que aconteçam ao ar livre, seja em parques ou mesmo em festivais. As casas fechadas devem ser as últimas a abrir, ou abrirão com inúmeras restrições”, diz.

“Acho que um formato possível será o cara assistir as duas ou três primeiras músicas de uma live e, se quiser ver o resto da apresentação, pagar por isso”, conclui.

Por JOSÉ NORBERTO FLESCH
Fonte: Omelete

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