A velha bruxa coroou com estandarte de ouro o primeiro álbum do Black Sabbath

Inimigos não faltaram ao Black Sabbath e aos quatro cavaleiros do apocalipse: Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria). Religiosos, sociedade conservadora, cidadãos de bem, mídia, advogados, empresários, produtores e toda a casta de procedência duvidosa tinham um inimigo em comum, o Black Sabbath.

Esse fora um dos preços pagos pela trupe britânica por conta do pioneirismo no amado e odiado heavy metal. Além do som assustadoramente pesado, recheado de trítonos – nota do Diabo – e de efeitos sonoros que iam de trovões e sinos a tempestades, o efeito era paralisante e amedrontador, já que nada soava tão maldito e intimidador como o som de Ozzy, Tony, Geezer e Bill.

O teor lírico completava a atmosfera gélida e de horror, pois havia versos como: “Look into my eyes, you’ll see who I am. My name is Lucifer, please, take my hand” – “Olhe em meus olhos, você verá quem eu sou. Meu nome é Lúcifer, por favor segure minha mão”, em uma tradução livre -, que estavam presentes em N.I.B.

A letra da faixa-título também causava calafrios, uma vez que era embalada por frases como: “Big black shape with eyes of fire. Telling people their desire. Satan’s sitting there, he’s smiling. Watches those flames get higher and higher” – “Uma grande figura negra com olhos de fogo. Dizendo às pessoas o que desejam. Satã está lá, ele está sorrindo. Observa as chamas subirem cada vez mais altas”, em uma transposição simples.

Entretanto, o Black Sabbath precisava de um envoltório consonante à sua arte, uma capa à altura de sua música. E a solução foi dada pelo fotógrafo Keith Macmillan, profissional que recebeu carta branca da Vertigo Records para fazer a capa do disco.

Depois de ouvir o som da banda e constatar que era abarrotado de temas voltados ao ocultismo, Keith tirou da cartola a brilhante ideia de fazer algumas fotos no moinho Mapledurham, que é uma construção feita no século XV. A azenha está localizada na cidade de Oxfordshire, às margens do rio Tâmisa.

A modelo escolhida para representar a idealização de Macmillan fora a jovem Louisa Livingstone, que tinha apenas dezoito anos, na época. Enrolada em um manto escuro, de costa ao Mapledurham e em meio à vegetação do rio, Louisa foi fotografada de madrugada, a fim de capturar o clima fantasmagórico do local.

“Ela era muito pequena, mas muito, muito cooperativa. E eu queria uma pessoa pequena, porque isso dava à paisagem um pouco mais de grandeza. Fazia todo o resto parecer grande”, disse Keith, durante entrevista à revista Rolling Stone.

O caprichado registro de Keith Macmillan ainda recebeu alguns ajustes e modificações em estúdio para chegar ao produto final e ficar com a aura sombria e maligna que todos nós conhecemos e adoramos.

Sendo assim, a “velha bruxa” coroou com estandarte de ouro o primeiro álbum do Black Sabbath, e, de quebra, ajudou a infernizar os cidadãos de bem da época.

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