O bom conselho diz que é melhor ver o copo meio cheio! Então, é desta forma que vamos analisar a presença feminina no rock n’ roll e heavy metal. Soa como uma afirmação derrotista embrulhada numa embalagem positiva, mas, pelo menos, mudanças para melhor têm acontecido a cada dia na seara da música pesada. Então, vale a perspectiva positiva!
É fato que o rock e metal sempre foram estilos musicais povoados pelos homens, há quem chame de Clube do Bolinha, mas isso é uma tremenda bobagem e frase de efeito para quem quer ostentar um patético machismo. No entanto, pior que isso, há quem insulte e critique a presença feminina num show de som pesado, pois é, e deveria ser, uma “iguaria somente apreciada pelos homens”.
Não! Definitivamente, não! É para todos e todas. É um direito a todos e todas, sem distinção alguma de sexo. E esse direito não é só de estar num mesmo ambiente dos caras, é o de direito de estar lá e não ser abusada, assediada e desrespeitada. É o direito de opinar sobre uma banda e não ser motivo de riso e deboche por parte dos caras.
É poder subir ao palco e mostrar seu talento musical e não ouvir insultos como: Quer ajuda para afinar a guitarra? Groupie já pode subir no palco? Pagou quanto para tocar nessa banda? Esses e muitos outros desaforos, inclusive piores e mais ofensivos que esses citados, são frequentemente direcionados as mulheres que ousam desafiar o status quo definido por parte do público masculino.
Sim! É uma parte do público masculino que vem com esses impropérios. Mas é uma fatia barulhenta e desrespeitosa, mas que precisa ser contida e implacavelmente reprimida. Caso contrário, os monstros dos desrespeito, agressão, ofensa e abuso vão ganhando corpo e força, depois o trabalho para “domesticá-los” é custoso, cansativo e, algumas das vezes, infrutífero. Por isso um espaço como este é importante para jogar luz nessa questão e ajudar na desconstrução dessa cultura do atraso.
Ao longo da história do rock e metal, as mulheres provaram por a mais b que são de extrema e capital importância ao “ecossistema musical”. Imagina um mundo sem a presença da pérola Janis Joplin. Sem a determinação de Tina Turner, que ainda precisou lidar com o imperdoável e tóxico racismo.
Imagina o quão árido e tedioso seria o mundo sem as ideias mirabolantes de Patti Smith. Sem a voz inigualável de Debbie Harry. Sem a dobradinha perfeita das irmãs Wilson. Sem o power acorde poderoso da maior punk rocker, Joan Jett.
A tirania do atraso, da ignorância, do obscurantismo e da boçalidade precisam ser enfrentados e combatidos por todos nós! É uma luta de uma sociedade que quer direitos e deveres iguais, sem distinção de sexo, cor, credo e etnia. O caminho é longo, mas a vitória é certa.