No Brasil é bastante comum vermos os músicos falando de suas influências musicais, técnica em relação aos instrumentos e sobre equipamentos, entretanto, é bem raro se deparar com artistas que falam abertamente sobre o lado empresarial de suas carreiras e bandas.
É lamentável, visto que os debates ficam esvaziados a assuntos secundários e até infantis, pois, sem o lado do business funcionando a pleno vapor, a carreira de ninguém decola e, às vezes, nem sai do papel.
Trocando uma ideia com o produtor musical e apresentador Clemente Magalhães, do canal Corredor 5, o líder do Sepultura, Andreas Kisser, explanou que o lado business da banda só se tornou profissional a partir de 2014. Antes disso, o guitarrista destacou que o Sepultura era muito caótico.
“A história do Sepultura até 2014 sempre foi uma bagunça! Foi nessa época que a gente passou a ter a estrutura que temos até hoje, com empresários e com a nossa própria maturidade de crescer dentro do assunto”.
Kisser continuou: “Tinha mãe envolvida, era esposa de um, era irmã do outro! Tem o seu lado bom para algumas coisas, mas tem o lado horrível, pois você não tem objetividade, você não tem planejamento de business sem emoção para ditar as direções.
O Sepultura sempre foi muito caótico nesse aspecto, mas, foi o que foi, e eu não estou reclamando. A gente teve que passar por tudo isso para nos ajudar a sermos quem somos artisticamente e a fazermos os discos que fizemos. As mudanças que a gente fez passaram por tudo isso”.
Andreas também enfatizou que o lado dos negócios era tão mal gerido que a sobrevivência da banda chegou a ficar em perigo.
“Chegou em um momento que o negócio poderia desmoronar, porque começamos a ter vícios de sempre depender do humor de uma pessoa, se ela estava de bico ou não. E o business não pode ser refém disso. O business tem que ser objetivo. Mas demorou para termos essa noção e a coragem de enfrentar essas mudanças.
A gente já foi processado por roadies, que considerava amigo e etc. E não existe isso! A gente tem um respeito e tal, mas o lado business é outra coisa. A gente não ia sobreviver a pandemia e nem a saída do Eloy Casagrande se a gente não tivesse tão organizado e focado do jeito que a gente está hoje em dia”.
“Financeiramente, nós temos uma reserva. Temos planejamento e temos calendário. Demorou, mas tivemos a mudança significativa em todo aspecto de managers e de como o Sepultura funciona. E hoje estamos mais fortes do que nunca”, concluiu o guitarrista em tom positivo.
Eis o bate-papo na íntegra logo aqui: