Forjados a ferro e fogo: os 12 melhores álbuns de heavy metal de 2024

Junto com o peru de Natal, chegou a hora da nossa lista de melhores do ano. Se 2022 foi o ano das maiores bandas da atualidade (veja nossa lista aqui) e 2023 foi mais devagar (veja nossa lista aqui), 2024 foi o ano dos clássicos e dos estilos mais tradicionais do metal, que chegaram com tudo dominando a lista.

Além disso, não podemos ser negligente e esquecer o grande feito do francês Gojira, que foi a primeira banda de heavy metal a ser apresentar na abertura das Olimpíadas.

Mas antes de entrar no nosso Top 12 do heavy metal de 2024, cabe alguns esclarecimentos: esta não é uma lista cult de revelações, nem do underground de porão e nem do metal extremo.

Portanto, só são incluídos álbuns de estúdio completos e inéditos. Os discos escolhidos não são os únicos bons do ano. E não há nenhuma pretensão de se causar polêmica ou de se criar a “lista definitiva”, apenas uma série de sugestões, como deveriam ser, afinal, todas as listas.

Sem mais delongas, vamos aos doze discos que você vai apresentar para a vovó na mesa de Natal… Afinal, só dez é muito pouco.

Menção honrosa

Aproveitando o espírito olímpico de 2024 e comprovando que o metal também é um fenômeno global, a menção honrosa vai para bandas de países pouco falados no cenário, que fizeram bonito e por pouco não entraram na lista: Ulcerate (Nova Zelândia), Myrath (Tunísia), Infected Rain (Moldávia), Sólstafir (Islândia), Tyr (território das Ilhas Faroé), Visions of Atlantis (Áustria), Ad Infinitum (Suíça), Ryujin (Japão), Firewind (Grécia).

Por fim, com tantos lançamentos de qualidade no underground, seria injustiça não fazer mais essa menção: Gatecreeper, Borknagar, Necrophobic, Chapel of Disease, Job For a Cowboy, Blood Incantation, Caligula’s Horse.

Melhores do ano de 2024

12. Accept – Humanoid

Humanoid é uma peça forjada a ferro e fogo em alguma oficina suja nos confins de uma metrópole decadente, entre latas de graxa e garrafas tombadas. Dessa vez, o tradicional heavy metal teutônico está mais chegado ao hard rock à lá AC/DC, mas o barulho continua o mesmo.

11. Powerwolf – Wake Up The Wicked

Um álbum coeso, que explora com sucesso o potencial do power metal intenso e bem-humorado dos alemães. O resultado é um baú de canções que levantarão as multidões nos principais festivais open air do mundo, fazendo jus a uma das maiores bandas da atualidade.

10. Ensiferum – Winter Storm

Os finlandeses abrem a destilaria de riffs, adicionam melodias saborosas e um pouco de vodka, e conseguem criar um de seus melhores registros. Winter Storm apresenta uma abordagem irresistível para o folk metal, que caminha do power metal épico ao death melódico, com senso de urgência e sem deixar a peteca cair.

9. Saxon – Hell, Fire And Damnation

Nenhuma grande novidade aqui, apenas os britânicos jogando o jogo que conhecem tão bem: heavy metal oldschool de respeito, estampado na cara, sem sinais de declínio. Hora de tirar do armário a calça jeans e a jaqueta de couro.

8. Lucifer – V

O grupo alemão/sueco de occult rock oferece um som que, na prática, é um hard rock setentista com momentos metálicos e vocal feminino, malicioso, mas tão direto e objetivo quanto o próprio nome da banda. Dizem por aí que o capiroto tem as melhores músicas e, no que depender desse álbum chamado V, fica difícil contra argumentar.

7. Fleshgod Apocalypse – Opera

O trabalho marca o retorno dos titãs italianos do symphonic death metal, após o grave acidente que colocou seu frontman no limiar da morte e impôs uma longa jornada de recuperação física e mental. Nascido da dor, Opera funde a brutalidade com a dramaticidade e o desalento, em uma cama de nuances teatrais que incorporam traços de Nightwish e Dimmu Borgir, mas sempre dotadas de carisma próprio.

6. Wintersun – Time II

Após longo hiato, o retorno do Wintersun deixa explícito o motivo de serem uma das bandas mais elogiadas do cenário. O prog metal ímpar dos finlandeses faz uso de metal extremo, melódico, sinfônico e folclórico, com riqueza de texturas e ambientações inspiradas na natureza, para cunhar uma musicalidade exuberante.

5. Amaranthe – The Catalyst

Apoiados em performances vocais habilidosas e melodias pujantes, os suecos emergem mais focados e entregam seu álbum mais robusto até o momento, que serve de catalisador (com o perdão do trocadilho) para o estilo peculiar da banda. Cuidado: a mistura de metal com música eletrônica pode levar o espectador desatento a achar que está no show do David Guetta e querer abrir uma pista de dança no meio do moshpit.

4. Grand Magus – Sunraven

Quem acredita que não existem bandas atuais fazendo o mais puro heavy metal, de forma moderna e autêntica, ainda não conhece o Grand Magus. Apesar da influência, o subestimado trio sueco demonstra muita personalidade e passa longe de uma mera cópia da década de 1980.

Sunraven é uma impecável aula de riffs em pouco mais de meia hora, tão fácil e prazerosa de se ouvir, que poderá se tornar aquela escolha confortável que o cidadão coloca no play quando não quer pensar muito.

3. Bruce Dickinson – The Mandrake Project

Em The Mandrake Project, Bruce Dickinson é o Coelho Branco, mas também é o Chapeleiro Maluco, a Rainha de Copas e a própria Alice (leia a nossa resenha aqui). O álbum exibe uma hiperatividade altamente funcional, transborda versatilidade e bebe de inúmeras fontes, tal qual o próprio cantor. Entre riffs bojudos e passagens melódicas sublimes, a sonoridade quebra expectativas e carrega o surpreso ouvinte para dentro da toca do coelho.

2. Nightwish – Yesterwynde

Embebido em poesia e marcado pela inequívoca sinergia entre elementos distintos, Yesterwynde é uma obra grandiosa, refinada e focada nos detalhes, que reflete aspectos de toda a carreira dos finlandeses (confira a nossa resenha aqui).

Uma jornada cinemática de fortuna inestimável, ao mesmo tempo sorrateira e opulenta, que traz o peso apocalíptico, a dramaticidade sombria, os momentos suaves, as orquestrações massivas e a melhor vocalista do planeta (Floor Jansen), balizando a evolução de uma banda que se tornou muito maior do que o próprio gênero do symphonic metal.

Só não levará a medalha de ouro porque há uns certos senhores que merecem uma reverência especial.

1. Judas Priest – Invicible Shield

Soando renovada, jovial e enérgica, a instituição britânica rejeita o conformismo e dispara um torpedo após o outro, para honrar o tripé sagrado do heavy metal: peso, melodia e velocidade. O senhor Halford também prova estar bem adaptado e confortável com seu novo padrão vocal em idade avançada, podendo até se dar ao luxo de correr certos riscos.

Embora o “Judão” venha atravessando excelente fase e desfrutando de um novo auge no crepúsculo da carreira, Invincible Shield é mais do que um ótimo disco, é um verdadeiro manifesto. Se esse for o canto do cisne, restará a todos nós apenas reverenciar e agradecer por tudo. Medalha de ouro de 2024.

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