A décima edição brasileira do Rock in Rio já está rodando a todo vapor, cujo o mote da festança se debruça em seus 40 anos de vida, o que é digno de louvor, visto que perdurar por quatro décadas no show business não é uma tarefa fácil, mas, mesmo assim, o festival tupiniquim vingou e ainda reserva muitos momentos de alegria e diversão ao público doméstico e até gringo.
Infelizmente, a edição de 40 anos do festival pouco tem a oferecer de rock n’ roll e menos ainda de heavy metal. Tecnicamente, o evento não tem nenhum grande representante do segmento metal, uma vez que Avenged Sevenfold e Evanescence passam longe da jurisdição de tal estilo. Portanto, o som essencialmente pesado terá espaço apenas no palco Supernova, com shows da Crypta, Dead Fish e Black Pantera.
Contudo, vamos ver a coisa sob o prisma positivo, no esquema do copo meio cheio. O fest terá a presença de músicos ilustres e presenteará o público com muitos riffs e solos de guitarra. Dessa forma, queremos jogar holofote em 5 guitarristas que passarão pelo evento e com certeza irão fazer a alegria dos fãs com muita musicalidade e técnica.
Simon McBride (Deep Purple)
O britânico tem reforçado as linhas melódicas do Deep Purple desde 2022, em substituição ao sofisticado artista Steve Morse. Apesar de não passear pelos caminhos complexos do jazz como o seu antecessor, Simon compensa com uma pegada genuinamente rock n’ roll, timbre robusto e muita personalidade na execução dos licks e riffs. Com McBride, o Purple deixou o quê fusion e jazzista para se concentrar no espírito básico e barulhento do rock.
Synyster Gates (Avenged Sevenfold)
O fã mais ortodoxo de guitarra vai olhar o músico com olhos tortos, pois o visual repleto de tatuagens e roupas de grife à lá playboy colaboram para tal estereótipo, porém, o preconceito desaparece pelo ralo ao perceber que Brian Elwin Haner é um compositor de mão cheia e criativo o suficiente para renegar os caminhos já manjados das pentatônicas e ofertar aos ouvintes novas soluções melódicas em escala menor harmônica e diminutas. Artifícios como sweeps velozes, cromatismos e dive bombs deixam o playing do músico ainda mais vibrante ao público.
Neal Schon (Journey)
Para os ouvidos com pouca ou nenhuma milhagem no seio musical, o trabalho de Neal é demasiadamente açucarado e soterrado em camadas e mais camadas de efeitos e teclado. Mas uma audição mais atenta e madura poderá vislumbrar o quão complexa são as suas resoluções melódicas e harmônicas, além disso, ele possui a incrível capacidade de soar limpo e preciso em frases mais rápidas e complexas.
Groove é algo que está na ponta dos dedos de Schon, também, e colabora para uma pluralidade de nuances em suas criações. Além do mais, o guitar hero passeia por estilos como R&B, jazz, progressivo e, até mesmo, pop em um conceito sonoro próprio, bem azeitado e costurado.
Herbert Vianna (Os Paralamas do Sucesso)
Taxar o som de Herbert como uma mera mistura de rock e reggae é para quem tem preguiça de se atentar aos pormenores do artista. Apesar de jogar para o time, ou seja, não ser o malabarista das seis cordas que coalham as redes sociais, o paraibano tem um bom gosto tremendo para escolha de acordes e inversões, o que lhe concede uma profundidade harmônica rara no rock n’ roll.
Se você acha pouco, calma lá que tem mais! Ele salpica tudo com recursos como double stops, harmônicos artificiais e bends expressivos de 1/4, 1/2 e um tom, e caminha por estilos fora da música pesada como jazz e blues, o que complementa para uma voz única no instrumento.
Jéssica di Falchi (Crypta)
A jovem guitarrista está há pouco tempo na liga profissional, visto que entrou na Crypta em 2022, todavia, ela vem desempenhando um trabalho fantástico em cima do palco a ponto de fechar parceria com a gigante fabricante de guitarra do Japão, a ESP.
Jéssica é claramente influenciada pelos mestres do thrash metal norte-americano como Kirk Hammett e James Hetfield, porém, possui identidade sonora e muita presença de palco.
Velocidade está na ponta de seus dedos, sendo assim, arpejos na velocidade da luz são alguns de seus trunfos, assim como uma mão rítmica pesada e extremamente coesa. A moça tem muito pela frente e irá se desenvolver ainda mais ao longo dos anos. Dito isto, o céu é o limite para a musicista brasileira que certamente brilhará nos palcos de todo o globo.