Por que o Mötley Crüe mudou o nome do álbum Shout At The Devil

Desde a concepção do heavy metal, influências sobrenaturais e ocultas fizeram parte da música de inúmeras bandas. Para o Mötley Crüe, seu interesse pelo lado negro era em grande parte artístico, embora isso não os tenha protegido da reação de grupos religiosos após o lançamento de seu segundo álbum de estúdio, Shout At The Devil, em 1983.

O álbum não estava apenas impregnado de mensagens líricas pecaminosas, mas também estampava um grande pentagrama na capa. Seu título também era obviamente problemático, embora originalmente com um nome um pouco diferente – Shout With The Devil – tenha despertado ainda mais ira daqueles ao seu redor, com medo das forças “malignas” que a banda convidava para gritar junto.

O brilho satânico do álbum e da turnê subsequente foi o resultado da paixão de Nikki Sixx por imagens sombrias, apropriadamente alinhados com o fenômeno americano do Satanic Panic. O baixista acreditava que o conceito de mal, ou de enfrentá-lo, era uma metáfora ideal para enfrentar a autoridade. Especificamente, foi usado como um veículo para expressar seu desdém pelo presidente Ronald Wilson Reagan, o indivíduo que ele acreditava ser o verdadeiro símbolo da corrupção, cujo nome, apontado por Sixx, continha cada um seis letras (666).

No livro de memórias do Mötley Crüe, The Dirt, Sixx observou: “Ele era o diabo com quem eu queria que todos gritassem”.

Tom Zutaut, representante da A&R que contratou os hard rockers para a Elektra/Asylum Records, estava particularmente preocupado com a abordagem do álbum. “Foi perturbador para a gravadora e para mim”, ele explicou no livro, observando como Sixx disse a ele que “parece legal. São símbolos sem sentido. Só estou fazendo isso para irritar as pessoas. Não é como se eu adorasse Satanás ou algo assim”.

Porém, a tentativa do baixista de acalmar a situação não teve sucesso, já que Zutaut vivenciou alguns acontecimentos estranhos na casa de Sixx. Um momento em particular “assustou” tanto o representante que ele temeu pela vida do baixista. Depois de uma visita à casa de Sixx, que ele dividia com Lita Ford na época, Zutaut supostamente testemunhou uma faca e um garfo subindo da mesa e cravados no teto.

Ele relembrou no livro: “Olhei para Nikki e surtei, dizendo ‘Não há mais Shout With The Devil [Grite com o diabo]. Se você continuar gritando com o diabo, você vai morrer‘”.

“Eu realmente acredito que Nikki, sem saber, se deparou com algo maligno, algo mais perigoso do que ele poderia controlar e que estava prestes a machucá-lo gravemente”, disse Zutaut. “Nikki deve ter percebido a mesma coisa, porque decidiu por conta própria mudar o título do álbum para Shout At The Devil [Grite para o diabo]”.

Em uma entrevista de 1984, Sixx explicou exatamente por que os fãs não deveriam se preocupar com o título do álbum. “Dizemos a esses fanáticos religiosos: ‘Leiam isto: Grite para o diabo'”, disse ele, apresentando a capa do disco. “Não diz ‘Grite com o Diabo’, diz ‘para o diabo'”, completou.

Enquanto o vocalista Vince Neil concluiu: “E é por isso que colocamos o pentagrama bem na frente. Muitas coisas, se você ficar no meio disso, o mal não pode entrar em você”.

Confira a entrevista abaixo:

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