Como se para uma locomotiva descarrilhada? Uma hecatombe nuclear? Um vulcão em erupção? Essas, dentre tantas outras, são questões que nos demandam uma queima maior de neurônios para achar, digamos, uma resposta satisfatória. No entanto, longe de ser uma questão fatigante de ser esclarecida ou de ser parte da equação às avessas apresentada anteriormente, a questão: Como o Soilwork consegue manter a longevidade e a qualidade de sua arte incorruptível? É, facilmente, decifrada e compreendida na conversa exclusiva que o RockBizz teve com o líder e vocalista, Bjorn “Speed” Strid, onde o cantor esclareceu tal questão e contou também sobre o ótimo momento vivido pela banda sueca; a satisfação de ter tocado para o público brasileiro; o novo álbum, Death Resonance (lançado no Brasil via Shinigami Records) e muito mais. Então, se prepara porque é Soilwork em natura…
O Soilwork debutou nos palcos brasileiros no mês de setembro (2016). Eu estava no show do Rio de Janeiro, e a apresentação da banda foi ótima e o público foi à loucura com vocês. O que você achou dos shows aqui no Brasil?
Björn “Speed” Strid: A gente se divertiu muito e foi, definitivamente, um sonho nosso que se realizou! Eu não acredito que demorou vinte anos para conhecermos nossos fãs brasileiros. Obrigado a todos que foram aos nossos shows!
Por que vocês levaram tanto tempo para vir à América do Sul? Afinal, o Soilwork é uma das bandas que tem um massivo aporte dos fãs sul-americanos e esse sentimento acredito que vocês tenham sentido do palco.
Björn: Eu acho que não tivemos sorte em relação ao tempo e alguns produtores, o que acabou sendo tudo uma ruim coincidência. Já o sentimento que sentimos do palco foi, totalmente, eletrizante, com certeza!
Vocês estão com uma intensa agenda de gravação e turnê e com pouco, ou nenhum, tempo para descanso. Como vocês mantêm a música da banda sempre soando fresca e com a qualidade criativa lá nas alturas?
Björn: Tão difícil quanto é excursionar, ás vezes, mas acho que inspira nosso fluxo criativo dessa forma. Eu acredito, também, que nunca ficamos presos e estamos, constantemente, evoluindo nosso som, e os fãs têm aceitado muito bem.
Eu acho que somos uma das poucas bandas que se mantém fiel às raízes e que conseguiu desenvolver a música a algo bem interessante, apesar de algumas mudanças na formação.
Exatamente o que ia perguntar. Como manter a identidade da banda intacta, apesar dessas mudanças na formação?
Björn: Eu acho que as mudanças na formação foram muito boas e frutíferas para nós em diversas formas. A gente tem muita sorte por ter novos membros entrando na banda que trouxeram elementos muito interessantes tanto na esfera pessoal quanto musical. David e Sylvain, por exemplo, trouxeram um quê de melodias melancólicas que combinaram com a intensidade da nossa música de forma perfeita. Eu acho que me desafia também a ser um melhor cantor.
Soilwork – e bandas como In Flames, At The Gates e Dark Tranquility – é uma das bandas responsáveis por trazer ao metal um novo subgênero, misturando metal extremo com melodias cativantes. Você imaginava que aquela banda, formada em Helsinborg, seria um dos pilares de um movimento musical que inspiraria tantas outras bandas?
Björn: Não, jamais! Eu já sabia que a gente tinha algo muito especial e único desde o começo, mas não poderia imaginar que chegaríamos tão longe a ponto de tocar no Brasil, por exemplo.
Por falar nessas bandas, vocês já consideraram uma turnê com In Flames e At The Gates? O nome poderia ser algo como: Sweden’s Metal Trinity Tour. Seria um presentão para os fãs, não acha?
Björn: Eu acho que seria uma coisa fantástica, com certeza! Eu já posso até imaginar uma turnê como Swedish Metal Festival. Seria muito interessante para os fãs.
The Living Infinite é um álbum surpreendente que alcançou muito sucesso. Você sentiu alguma pressão para fazer o disco seguinte, The Ride Majestic?
Björn: Na verdade, não. Se nós sentirmos alguma pressão, eu acredito que é saudável para gente. Além disso, nós sabemos do que somos capazes e temos a visão mútua de onde queremos chegar com nossa música e criatividade.
Como foi o feedback de The Ride Majestic?
Björn: Tem sido ótimo! Parece que uniu os antigos fãs aos novos, de alguma forma. Eu acredito que as melodias no disco realmente falam com você.
O passo seguinte foi o álbum ao vivo Live in the Heart of Helsinki. Eu acredito que esse disco foi a consagração da carreira do Soilwork, e o que embasa essa minha afirmação é o vibração e sentimento da banda e, claro, do público nesse show.
Björn: Foi, definitivamente, um ótimo resultado. Nós nunca quisemos lançar uma compilação nos moldes de ‘Best of’, então, essa foi a melhor e mais interessante solução para os fãs, eu acredito. Foi uma noite eletrizante que foi registrada e nós nos divertimos muito!
Teve alguma razão especial na escolha da cidade de Helsinki (Finlândia) para a gravação do DVD?
Björn: A Finlândia nos acolheu desde o começo da nossa carreira e nos sentimos muito próximos do país. A gente também tem fãs apaixonados por lá, que nos faz sempre entrar nas paradas de sucesso em ótimas posições.
Vocês estão prestes a lançar o novo álbum, intitulado Death Resonance. Conte um pouco mais sobre esse lançamento.
Björn: É, basicamente, uma compilação de músicas ‘perdidas’ nesses anos, incluindo duas inéditas. Juntas, elas formam um álbum muito interessante, que mostra a evolução da banda, e eu acredito que é uma ótima forma de introduzir a banda caso você não tenha nos escutado antes.
Recentemente, Dirk Verbeuren foi confirmado no Megadeth como novo baterista. Como vocês lidaram com essa situação? Foi fácil a transição em ter, agora, Bastian Thusgaard na bateria?
Björn: Foi uma transição tranquila, apesar de tudo! Bastian já havia excursionado com a gente e fez um excelente trabalho. A gente sabia que o Dave Mustaine convidaria Dirk para ser o baterista permanente, então, não foi nenhuma surpresa, não.
A propósito, Bastian é, oficialmente, o novo baterista do Soilwork?
Björn: Ainda não! Mas, francamente, eu não sinto a necessidade de testar mais ninguém. Ele é fantástico e um ótimo amigo.
Há alguma mágoa em relação à Dirk ter deixado o Soilwork?
Björn: É claro que foi difícil ver um velho amigo indo embora, no entanto, tudo foi compreensível. Nós entendemos o porquê dele dizer sim ao Megadeth.
Vocês estão na estrada há vinte anos, já estiveram em alguma situação constrangedora ou hilária que você possa compartilhar com a gente?
Björn: A gente tinha um baixista que caiu no palco do festival Hellfest. Foi insano! Ele caiu no chão levando todos os microfones e monitores. Bem louco!
O que podemos esperar do Soilwork para o futuro?
Björn: Nós temos muita música boa em nós e queremos continuar compartilhando isso com os fãs. Será muito interessante já que estamos juntos fazendo muito mais ‘jam session’, o que é ótimo.
Obrigado pela entrevista, você poderia deixar uma mensagem aos seus fãs?
Björn: Muito obrigado por terem prestigiado nossos shows, nós nos divertimos muito! Obrigado por toda lealdade de vocês e espero vê-los em breve!