Ozzy Osbourne: Incidente com morcego prova o quanto o cantor estava disposto a dobrar a aposta nas insanidades

A década de 1980 fora um período mágico para o universo heavy metal, pois o estilo musical alcançou uma popularidade jamais imaginada, tampouco experimentada, com isso, toda essa vibe de o céu é o limite, proporcionou episódios no mínimo pitorescos para coroar tal época como uma das mais malucas da cultura pop.

Quem ajudou um bocado para esse retrato infame do período, pelo menos aos olhos dos cidadãos de bem da época, fora o incontrolável, insano e genial Ozzy Osbourne, que adorava e tinha um talento nato em causar pandemônio por onde passava.

De cheirar carreira de formiga aos porres homéricos, de fazer xixi no Álamo Plaza à tentativa de homicídio contra a própria esposa, de defecar em lobby de hotel a decepar cabeça de pombo no dente, tudo isso – e muito mais – fazia parte do dia a dia do Madman – Homem Louco, em uma tradução livre -, que não ganhou o peculiar apelido à toa, diga-se de passagem. Honra seja feita, o cantor trabalhou um bocado para merecer tal alcunha, e ninguém pode tirar este mérito do artista.

Um dos incidentes mais infames e curiosos da trajetória de Osbourne, e que colaborou, pois, para toda sua áurea sombria e amalucada – e futuramente para ações e campanhas de marketing e, claro, mais dindim no bolso -, fora com o pobre morcego que foi parar no palco e teve um triste fim: guilhotinado pelos dentes de Ozzy.

Esta história, de certa forma, começou bem antes do fatídico dia. O pontapé das loucuras animais do vocalista, pelo menos no campo público, foi em uma reunião com os executivos da gravadora CBS, a qual a proposta era fazer um social com os engravatados, mostrar que o adiantamento financeiro do selo seria bem empregado e, decerto, causar uma boa impressão na turma que assinava os cheques.

No dia 27 março de 1981, Sharon Arden – futura Senhora Osbourne – teve a brilhante ideia de Ozzy soltar dois pombos para simbolizar a paz e os bons ventos aos negócios com a assinatura de contrato com a gravadora.

Contudo, Sharon pediu para o Príncipe das Trevas impressionar os executivos do selo, logo, o lado alucinado do músico fora aflorado e sem a mínima possibilidade de ser contido, com isso tascou uma dentada na cabeça de uma das pombas.

O resultado foi sangue para todo lado, secretárias chorando e em pânico, reunião encerrada e todo mundo passado e, sobretudo, atônito com o que presenciou. Todavia, havia ali, naquela cena grotesca e praticamente primitiva, uma ferramenta e uma história inigualável para fazer marketing, aumentar o buxixo, estampar nas capas de revistas e jornais, lotar as turnês e, evidentemente, faturar milhões dólares.

Mesmo sem os tios descerebrados e fofoqueiros do zap zap, a notícia correu mais rápido do que fogo em mato seco, portanto, em pouco tempo, a molecada já ciente do que havia acontecido na reunião com a gravadora, dessa forma os shows do músico ganharam, digamos, traços ainda mais exóticos.

Como numa espécie de humor soturno, a garotada queria ver o circo pegar fogo, sendo assim começaram a levar tudo o que dava para as apresentações do Madman.

Então, no dia 20 de janeiro de 1982, o estudante Mark Neal, na época com 17 anos, planejou o ato de jogar o morcego no palco, isto é, a “brincadeira” não fora um acidente ou uma ação acidental sob emoção de um grande show de rock e metal.

Mark avisou os parças do que iria acontecer, foi para frente do palco, se posicionou bem na frente de Rudy Sarzo [baixista de Ozzy na época] e jogou o pobre animal. Rudy olhou para o bicho algumas vezes e acenou para o Príncipe das Trevas, que não pensou duas vezes e decapitou o amigo do Batman.

Vale destacar que, ao contrário do que fora dito nas últimas décadas, o animal estava mortinho da silva quando fora abocanhado por Ozzy.

De acordo com o jornal Des Moines Register, duas semanas antes do show do ex-Black Sabbath, o irmão mais novo de Neal voltou da escola com o bicho. Ele planejava manter o animal como um pet, mas o morcego não durou muito tempo e morreu. Neal disse que seus amigos o convenceram colocar o bicho num freezer, guardá-lo para o show de Ozzy e, assim, jogá-lo no palco do Madman.

Em entrevista, o algoz do morcego falou: “Pensei que fosse um morcego de borracha. Peguei, coloquei na boca, mastiguei, mordi, sendo o palhaço que sou. Na hora que começou a escorrer as vísceras do bicho, vi as pessoas na plateia me olhando com cara de horror; depois disso, percebi que havia cometido um erro horrível.

Morcegos são os maiores portadores de raiva no mundo. Depois do que aconteceu, precisei ir para o hospital na hora, eles começaram a me dar injeções contra raiva. Ganhei uma em cada traseiro e tinha que tomar uma todas as noites por um bom tempo”.

Após o incidente, que teve significativa repercussão na grande mídia norte-americana e até de outros países, inclusive aqui no Brasil, entidades de proteção aos animais marcaram colado nos shows do Madman, não deram trégua e só queriam uma pequena oportunidade para fazer um escarcéu em desfavor de Osbourne e sua produção. Isso acabou esfriando o ímpeto da molecada em levar outros animais para serem jogados no palco.

Digno de um conto de Halloween, no melhor estilo doces ou travessuras, a história de Ozzy Osbourne arrancando a cabeça de um morcego com uma mordida se tornou um conto lendário nos anais da história do rock n’ roll e do heavy metal.

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