Imagine este roteiro: você é novo, com evidente talento musical e esbanjando vitalidade física e criatividade, mas tocando em pulgueiros capazes de desanimar até o ser mais otimista.
Superficialmente, este era o cenário do guitarrista Zakk Wylde na segunda metade dos anos 80. O rapaz tinha muitos atributos musicais e físicos, contudo, a estrela da sorte ainda não tinha brilhado e ele tinha que se virar trampando em um posto de gasolina.
Tudo mudou quando recebeu um convite para fazer um teste para a banda de Ozzy Osbourne, que tinha acabado de encerrar a parceria com o virtuoso Jake E. Lee.
É preciso, no entanto, desmentir um boato que circula nos becos sombrios da internet há tempos sobre a entrada de Zakk no clã Osbourne. NÃO – sim, em caps lock mesmo -, o guitarrista nunca foi um traficante, tampouco vendia produtos ilícitos a Ozzy, o que teria, em tal versão falsa da história, facilitado o contato e a entrada do músico na banda do Madman.
A versão verídica da história é que Wylde fez um show com a sua banda, Zyris, e na plateia estava Dave Feld, executivo da indústria fonográfica, que bateu um papo com Zakk após a sua apresentação.
Na conversa, Feld citou que Ozzy estava fazendo audições com alguns guitarristas, pois Jake havia deixado o posto de braço direito do Príncipe das Trevas, e seria interessante se Wylde concorresse à vaga.
Dave acabou fazendo o meio de campo para o Viking das seis cordas, visto que conhecia o fotógrafo Mark Weiss, profissional influente na indústria musical e que estava em constante contato com Ozzy e sua esposa e empresária, Sharon. E fora Weiss que levou até os Osbournes a demo tape do jovem guitarrista.
Algumas semanas após o teste ao lado do Madman, Wylde fez a sua estreia na banda do cantor em um show na prisão de Wormwood Scrubs, em Londres, Inglaterra. Na ocasião, o guitarrista chamou atenção pela técnica, mas alguns detentos pegaram em seu pé chamando-o de boneca e coisas do gênero.
Em estúdio, a parceria Ozzy e Zakk rendeu discos memoráveis como No Rest For The Wicked (1988), No More Tears (1991) e Ozzmosis (1995). Já ao vivo, a colaboração deu frutos como o EP Just Say Ozzy (1990) e o célebre Live & Loud (1992).
Longe da jurisdição dos Osbournes, Zakk deu vida ao projeto Pride & Glory, a sua carreira solo e ao grupo Black Label Society. Atualmente, o barbudo também empresta seu talento à nova configuração do Pantera, que ainda conta com Charlie Benante (bateria – Anthrax) e os membros originais Phil Anselmo (vocal) e Rex Brown (baixo).
Em suma, Zakk Wylde tem mais de trinta anos de bons serviços prestados à música pesada. Portanto, o nosso dever é reverenciar e prestigiar sem moderação seu catálogo e trabalho dentro e fora do clã Osbourne.