Se alguém fizesse essas famosas pesquisas de opinião, essas enquetes de revista de adolescente, e perguntasse ao público do rock e metal: qual o baterista mais odiado da cena? As chances de Lars Ulrich levar o título são grandes.
Bon-vivant
O ódio ao jovem-senhor pode ser por conta de seu modo de vida e temperamento. Lars é um bon-vivant – playboy, se preferir – em sua forma mais pura!
O dinamarquês é filho do premiado tenista Torben Ulrich, portanto, com o prestígio, fama e fortuna do papai, o músico, que é filho único, sempre gozou das maiores e melhores benesses materiais que o dinheiro pode comprar.
E não é segredo que boa parte da população mundial precisa suar a camisa para garantir o sustento da família e honrar as dívidas, então, quase como uma ojeriza universal, o playboy é percebido como o cara que não precisa mover um dedo sequer para satisfazer suas necessidades básicas e suas sanhas hedonistas, e Lars se encaixa em tal perfil.
Playing
Outro ponto que pode colaborar para a enxurrada de hate em cima do baterista é o seu estilo de tocar.
O Metallica é uma das pedras fundamentais do thrash metal, o grupo estava lá na bay-area quando tudo era mato, contudo, diferente de seus pares como Slayer, Megadeth, Dark Angel, Testament, Exodus, entre outros, que sempre ostentaram virtuosos instrumentistas na seara rítmica, o grupo possui uma batera de estilo mais simplista.
Apesar de conseguir combinar diferentes batidas, andamentos e preenchimentos em cada música, o músico já foi criticado por ser inconstante no tempo – o músico tem a tendência de acelerar demais a pulsação das canções.
Em 2014, Scott Ian, em seu livro I’m The Man: The Story Of That Guy From Anthrax, por exemplo, falou sobre a situação Ulrich no Metallica.
“Eles não estavam mais aguentando estar na banda com Ulrich, eles não o suportavam mais. Eu não perguntei o porquê eles queriam expulsar o Lars. Mas achei que eles queriam um baterista melhor, mas aparentemente também havia muitas outras coisas relacionadas aos negócios acontecendo nos bastidores com as quais eles não estavam mais tão animados”.
Múltiplas inspirações
As inspirações de Ulrich vão muito além da jurisdição musical. O artista sempre recorreu à literatura, pintura, e cinema para ampliar seus horizontes e alcance criativo.
No entanto, não é novidade que o público metal tende a ser purista, essencialmente tradicional, logo, alquimias musicais propostas pelo músico, que chegaram a trazer alguns transtornos ao Metallica como os álbuns St. Anger e Lulu, este último em parceria com Lou Reed, podem ter colaborado para a birra contra Lars.
Atitudes impopulares
No começo de 2000, o Metallica entrou em uma disputa judicial contra o Napster, uma das primeiras plataformas de compartilhamento de música. A cruzada do grupo contra os responsáveis pelo programa, os jovens universitários Shawn Faunning e Sean Parker, fora liderada por Lars.
Na época de toda confusão, o conjunto exigia 10 milhões de dólares dos moleques, pois alegava, no processo, infração de direitos autorais.
Agita, mas agita no seu lugar
Culturalmente, as pessoas estão acostumadas com o baterista lá no fundo do palco, dando conta de suas atribuições, sendo apenas o motor que dá tração ao som da banda e não sendo aquela figura bonachona e afetada.
Bem, Lars nada contra esta corrente, pois adora ser o centro das atenções, ser o piadista da turma e a ser o fanfarrão da vez com direito a palito de dente no canto da boca. Ou seja, aquele célebre esquema: agita, mas agita no seu lugar não funciona com o baterista.
Infantil
Atualmente, quem vê os caras do Metallica com cara tiozão boa-praça, não imagina que o pessoal era bem encrenqueiro. De Bon Jovi a Winger, muitas bandas penaram com os deboches e brincadeiras de mal gosto de James Hetfield, Lars Ulrich e Cia.
Kip Winger, por exemplo, foi alvo de dardos atirados por Lars no videoclipe de Nothing Else Matters.
Querendo ou não, o músico é um modelo para muitas pessoas, e suas atitudes são seguidas por muitos fãs, principalmente pela cota que não tem personalidade bem delineada, então, ter sido um moleque infantil contra o Winger pode ter acentuado o hate contra si.
40+
Lars Ulrich é o baterista que as pessoas mais amam odiar, mas, seja como for, o músico está há mais quarenta anos na indústria musical, com mais de cem milhões de discos vendidos. Sem contar os prêmios como Grammy, músicas nas paradas de sucesso, shows em todos os continentes e fãs nos quatro cantos do globo.
A sua contribuição ao metal é inegável, assim como a sua vontade de ser controverso, que é naturalmente parte de seu temperamento pessoal e profissional.