A volta de Mike Portnoy não mudará em nada o som do Dream Theater; tudo continuará chato e previsível

Para os fãs, a notícia da volta de Mike Portnoy ao Dream Theater é motivo para abrir um sorrisão no rosto, abrir uma cerveja para firmar o pulso, fazer postagens animadinhas nas redes sociais, ouvir a discografia do grupo de cabo a rabo e tentar convencer os amiguinhos que o próximo trabalho de estúdio do quinteto será no mínimo um opus magnum.

É um modo super válido de ver e assimilar a coisa toda, afinal, Mike fora um dos nomes que ajudou a edificar a carreira da banda, sendo assim, nutrir sentimentos benfazejos sobre sua tão esperada volta ao grupo, é mais do que aceitável e razoável.

Porém, para este que vos fala, o retorno de Portnoy é meramente um verniz de assertividade para uma carreira esgotada pelo hedonismo musical de seus integrantes. É uma perfumaria, uma ação de pouco efeito artístico e musical; é um feito que servirá para mover as engrenagens empresariais e financeiras do grupo, evidentemente, pois a base de fã já está em polvorosa, contudo, a banda continuará, apesar do breve alvoroço, nadando na mesma lagoa de marasmo e apatia musical.

Desde o primeiro álbum, When Dream and Day Unite, lançado em 1989, o Dream Theater impõe goela abaixo ao público a erudição técnica de seus integrantes, em virtude do imenso cabedal de destreza e perícia na troika musical: harmonia, melodia e ritmo. Contudo, isso não é essencialmente sinônimo de um repertório agradável aos ouvidos.

Vamos fazer o seguinte paralelo: muita gente, utilizando os melhores ingredientes do mercado, já se embananou fazendo comida, e o resultado fora sofrível às vitimas… quer dizer, ao público que saboreou a gororoba. Portanto, o simples arroz e feijão, aquele do dia a dia, mas feito com capricho, é uma iguaria dos deuses.

Sacou aonde queremos chegar? Dream Theater é uma gororoba musical, com ou sem Mike Portnoy; é uma banda incapaz de desenvolver ideias musicais com começo, meio e fim, então, o que se ouve é um ensopado sonoro que dificilmente se consegue distinguir e apreciar o gosto deste ou daquele tempero e ou ingrediente.

Diferente das bandas progressivas setentista mais focadas nos bichos-grilos do estilo como Camel, Premiata Forneria Marconi, King Crimson e Notturno Concertante – veja que nem estamos citando a turma popular, da primeira divisão, como Rush, Yes, Emerson, Lake & Palmer, Pink Floyd, Marillion, Genesis e Jethro Tull -, cujo o som sempre fora intrincado, mas com a lógica básica de iniciar uma ideia musical, desenvolvê-la e finalizá-la, passando longe de uma colcha de retalhos mal costurada e com diversos rombos, John Petrucci e Cia sempre meteram os pés pelas mãos e o resultado é insuportável.

Alguém pode reclamar que a comparação fora feita com grupos fundamentalmente progressivos e que o DT reza pela cartilha do prog metal. Ok! Sem problemas! Conjuntos como Queensrÿche, Opeth, Symphony X e Fates Warning mantêm em suas músicas o esquema citado anteriormente e os frutos, na maioria das vezes, de primeira qualidade.

Em suma, a volta de Mike Portnoy será bacana para os fãs ardorosos do Dream Theater, mas o som continuará chato e previsivelmente mal costurado. Ah, e a voz de James LaBrie ainda soará como uma gralha tendo fricote!

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