Os primeiros passos de David Lee Roth na música não tiveram absolutamente nada de novo: as mesmas desilusões, as mesmas portas fechadas e o mesmo desprezo de parte de familiares e amigos, ou seja, as mesmas dificuldades que quase todo astro do rock n’ roll e heavy metal encontra para mostrar e firmar seu talento e trabalho no mercado fonográfico.
Roth queria mergulhar de cabeça no seio artístico californiano dos anos 1970; o rapaz fazia cursos de teatro, interpretação e, decerto, se aventurava na música, pois já era o frontman do grupo Red Ball Jets. Lee dispunha de um sistema de som bacana para época e para a realidade amadora dos jovens, assim, o “empreendedor David” alugava a aparelhagem para outros conjuntos locais, e um tal de Mammoth era seu freguês.
Mammoth era a banda dos irmãos Eddie e Alex Van Halen. Era o destino trabalhando de forma silenciosa e brilhante. Eddie acabou convidando David para sua banda, deste modo eliminou a necessidade de alugar o P.A. e, de quebra, conseguiu um vocalista para sua banda, que estava sem um nome genuinamente voltado ao cargo – Eddie cantava no Mammoth como um quebra-galho.
David, Eddie e Alex precisavam de apenas mais uma peça para fazer a engrenagem funcionar de maneira bem azeitada, perfeita, na verdade; pois o baixista do Mammoth, em tal período, era um cara que cujo foco era ficar chapado o dia inteiro, logo, o trio precisava de alguém com postura séria; de uma pessoa talentosa e com pretensões de crescer profissionalmente e pessoalmente, e essa pessoa veio da banda Snake, o baixista e vocalista Michael Anthony.
Pronto! Mammoth passou a se chamar Van Halen, e a escalada até o topo do rock n’ roll começou com shows em colégios, cervejarias, pubs, concursos de camisetas molhadas – sim, eram comuns nos anos 70 e 80 – e ou em qualquer espelunca que pagasse algum trocado e garantisse uma pizza e algumas cervejas.
Em pouco tempo, o quarteto foi desmamando dos covers e focando em som autoral. Desse jeito, as apresentações começaram a ter uma identidade própria, sem os cacoetes de outros artistas e conjuntos. Com o novo e, principalmente, próprio material, a banda começou a chamar muita atenção pelo virtuosismo da guitarra de Eddie; virtuosismo aplicado dentro de um contexto, com ideias musicais com começo, meio e fim, isto é, não era apenas frases, escalas e licks tocados na velocidade da luz e sem um pingo de propósito e conjuntura.
O holofote não era apenas concentrado em Eddie, uma vez que Alex e Michael davam vida à cozinha com muita segurança e criatividade. E Roth, que incorporava de corpo e alma a vibe bon-vivant as suas performances, era a essência do vocalista/artista bonachão, espirituoso e piadista.
Em função desses e muitos outros predicados, o produtor Ted Templeman (Doobie Brothers, Van Morrison) e o presidente da Warner Brothers assinaram com o Van Halen. O primeiro LP saiu em fevereiro de 1978 e, em pouco tempo, o mundo estava na palma da mão do quarteto californiano.
David Lee Roth nunca foi uma cantor de técnicas e habilidades mirabolantes, com alcance vocal de três ou quatro oitavas. Nada disso! Roth, que dispõe de um peculiar timbre vocal, é mais um showman que canta e está serviço do rock n’ roll do que um líder de matilha provido de mil e um recursos técnicos. O que não tira seu mérito artístico, jamais!
Tanto não tira sua relevância artística, que convidamos você a recapitular 7 ocasiões em que David Lee Roth, no Van Halen ou em carreira solo, quebrou a banca personificando o astro do rock hedonista e bon-vivant.
1. Panama – Álbum: 1984
Muitos remelexos, cores e paetês, o clipe de Panama é apenas um breve recorte do dia a dia na vida glamourosa de Roth.
2. Ain’t Talkin’ ‘bout Love – Álbum: Van Halen (1978)
Performance e interpretação afiadíssima já no comecinho de carreira profissional. Assim como no instrumental do som, David emprega dinâmicas vocais que conduzem a canção a uma erupção emocional.
3. Dance the Night Away – Álbum: Van Halen II (1979)
Outra música que versa no clima da persona e vibração de Lee! Dançar e curtir a noite toda é uma das especialidades do rockstar.
4. Yankee Rose – Álbum: Eat ‘Em and Smile (1986)
Aqui o cara bate um papo com a guitarra, cortesia de Steve Vai, e, de lambuja, dá uma exemplar estreia a sua carreira solo. Esse Dave estava impossível de ser detido!
5. Just Like Paradise – Álbum: Skyscraper (1988)
Voando alto em sua carreira solo, o single, que chegou à sexta posição da Billboard, ajudou a divulgação e consolidação de Skyscraper (1988) no mercado fonográfico e, claro, engordar a conta bancária do cantor.
6. Just a Gigolo / I Ain’t Got Nobody – Crazy from the Heat (1985)
Tango austríaco à la rock! Pois é, David vasculhou os escaninhos da década de 1920 para sacar as pérolas Just a Gigolo / I Ain’t Got Nobody e impregnar as canções com sua pegada Miami Vice. O videoclipe é uma doçura de breguice e uma ode ao hedonismo.
7. California Girls – Crazy from the Heat (1985)
Cover de Beach Boys que reproduz fielmente a personalidade de David: informal, leve e para cima! A versão de Lee é tão bacana e positiva que nos faz esquecer, momentaneamente, os problemas do dia a dia. Então, adiciona aí mais pontos na conta de David Lee Roth.