Bring Your Daughter To The Slaughter foi censurada, mas se tornou o único single número um do Iron Maiden no Reino Unido

O Iron Maiden tem um dos catálogos mais invejáveis de toda cena heavy metal. Lançando material há mais de 40 anos, o repertório da Donzela de Ferro inclui clássicos de todos os tempos como Run To The Hills, Fear Of The Dark, Can I Play With Madness e The Trooper.

No entanto, nenhum desses pilares musicais e queridinhos da crítica jamais alcançou o cobiçado primeiro lugar na parada de singles do Reino Unido. A única faixa do Maiden a ter essa honra é aquela que dividiu a opinião dos fãs e foi expulsa do setlist: Bring Your Daughter To The Slaughter – via Loudersound.

Correndo por fora das melodias majestosas e os tópicos inspirados na literatura normalmente associados ao Maiden, o hino de quatro minutos é sobre levar sua filha a um massacre. O som foi o segundo single do controverso álbum No Prayer For The Dying, de 1990.

Mas Bring Your Daughter To The Slaughter nunca deveria ter sido uma música do Iron Maiden! O vocalista Bruce Dickinson a escreveu originalmente para sua primeira empreitada solo, estimulado por um convite para aparecer na trilha sonora do filme A Nightmare On Elm Street 5: The Dream Child, de 1989.

O empresário do Maiden, Rod Smallwood, recebeu a ligação, mas, como o resto da banda aproveitando seu tempo livre ou trabalhando no álbum ao vivo do Maiden England, foi Bruce quem aproveitou a chance.

Precisando de um parceiro musical, o vocalista chamou seu antigo amigo Janick Gers, que mais tarde se juntaria ao Maiden como guitarrista, em 1990. Bruce queria fazer algo que não era possível naquela banda: algo decadente e sujo, em discordância direta com o estilo grandioso e progressivo exibido no então álbum mais recente, Seventh Son Of A Seventh Son.

A música surgiu incrivelmente rápido. Bruce escreveu a letra em cerca de três minutos, com o refrão pingando uma simplicidade à la AC / DC – ao mesmo tempo que incorpora o terror exagerado da franquia A Hora do Pesadelo. A coisa toda levou apenas dois dias para ser gravada.

Quando lançada no filme, a canção não causou exatamente um impacto sísmico. O filme teve apenas um sucesso moderado de bilheteria, superando críticas ferozes para arrecadar US$ 22 milhões contra um orçamento de US$ 8 milhões, e a trilha sonora não recebeu muita atenção. A maior atenção que recebeu foi no Golden Raspberry Awards (Oscar das piores produções), em que levou para casa o troféu de Pior Canção Original, em 1989.

No entanto, duas peças chaves adoraram a faixa: os chefões da Zomba, gravadora que lançou a trilha sonora do longa, que pediram a Bruce mais material solo; e o baixista e fundador do Maiden, Steve Harris. “Steve ouviu a música e adorou tanto que disse que eu tinha que gravá-la com o Maiden”, disse Bruce ao Let It Rock em 2001.

Na verdade, Steve adorava o tom menos volúvel do som, tanto que ditou a direção do então próximo álbum, No Prayer For The Dying. O baixista estava irritado com a falta de boa vontade nos Estados Unidos, onde a cena do metal estava dominada por sons mais agressivos como Metallica e Megadeth.

Então, a decisão foi tomada para ser mais grotesco e simplista possível, o que contribuiu para a insatisfação e eventual saída do guitarrista Adrian Smith, que foi substituído por Janick Gers pouco antes da gravação.

O disco alcançou o segundo lugar no Reino Unido e a música acabou se tornando o primeiro single número um da banda – e do heavy metal – no Reino Unido pouco depois do natal, permanecendo no topo do ranking até o comecinho do ano seguinte.

A censura de programas como BBC Radio 1 e Top Of The Pops ajudou na publicidade da música, que acabou caindo no gosto da garotada, já que o proibido chama ainda mais a atenção. Assim, o som se tornou regular no setlist durante o resto da passagem de Bruce pela banda.

No entanto, quando o cantor saiu para seguir sua carreira solo em 1993 e foi substituído por Blaze Bayley, o Maiden a retirou intencionalmente de seus shows devido à sua estreita associação com seu então ex-vocalista. Permaneceu uma raridade desde então, mesmo após o retorno de Bruce em 1999, só foi dar as caras durante a turnê Give Me Ed ‘Til I’m Dead, em 2003.

O motivo pelo qual Bring Your Daughter To The Slaughter ainda está no cantinho do esquecimento nunca foi claramente explicado. Ainda hoje, para cada comentário nas redes sociais que chama a música de obra-prima, haverá outro que a considera uma grande bobeira.

Mas não importa de que lado da cerca você esteja, não há como negar que o som elevou brevemente o Iron Maiden ao topo da montanha comercial – não apenas no metal, mas em toda a música.

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