A parábola do filho pródigo presente no evangelho de Lucas, no versículo 15: 11-32, fala, basicamente, sobre um filho que requereu a parte de sua herança para poder cair no mundo curtindo a vida adoidado. Depois de esbanjar e gastar até o último centavo, o rapaz, que naquele momento estava na pior, com uma mão na frente e outra atrás, se viu compelido a retornar a casa de seus pais para ter uma vida minimamente digna.
Desta metáfora milenar podemos fazer uma superficial simetria com o rock e metal, uma vez que diversos músicos ganharam muita fama, sucesso e dindim com seus grupos de origem. Mas, por mil e um motivos, acharam uma boa ideia pegar o que era seu de direito e dar no pé.
Contudo, alguns destes músicos se encontram atualmente numa carreira bastante aquém de suas capacidades artísticas, sendo assim, o retorno as suas bandas de origem seria um movimento inteligente e interessante, na maioria dos casos.
Não é segredo que muitos músicos deixaram seus grupos originais, devido as brigas homéricas causadas por ladroagens, talaricagens, caixa dois, inveja, egocentrismo, sabotagens, entre outras inúmeras sementinhas do mal. Desse modo, a reconciliação entre alguns músicos seria praticamente impossível na vida real.
A relação que elencamos logo abaixo deixa este e outros pormenores de lado; focamos apenas no quê romântico, poético, da coisa: curtir o som e os shows de determinados grupos com todos os seus integrantes originais – ou pelo menos, com os seus principais membros.
Parâmetros estabelecidos, convidamos você a relembrar alguns nomes do rock e metal que poderiam a casa tornar.
1. Ritchie Blackmore – Deep Purple
Ian Gillan (vocal) e Ritchie Blackmore (guitarra) simplesmente não se bicam há décadas! A relação dos dois é como água e óleo, ou seja, não se mistura nem com reza brava. Ainda que Steve Morse tenha feito um trabalho fenomenal e seu substituto, Simon McBride, esteja segurando a onda muito bem, ter o Deep Purple mais uma vez com Blackmore seria, no mínimo, fascinante.
2. Mike Portnoy – Dream Theater
Portnoy foi um dos fundadores do gigante do prog metal, todavia, deixou seu posto na banda em 2010, pois queria estender seus horizontes musicais, além disso, o relacionamento com os outros integrantes estava, digamos, meio morno. O batera já está mais de uma década longe de “casa”, então, uma passadinha para ver como está todo mundo e realizar uns showzinhos aqui e acolá não custa nada.
3. Richie Sambora – Bon Jovi
A banda Bon Jovi foi construída em duas principais bases: o vocal de Jon e as linhas de guitarra de Sambora. Se tirar qualquer uma das partes, a coisa toda fica cambeta, sem equilíbrio e caindo a cada novo passo.
O hired gun Phil X segura a onda, mas está muito distante de cobrir todos os pontos entregues por Richie, posto isto, uma reuniãozinha seria benéfica para todo mundo, e ainda engordaria a conta bancária da turma.
4. Tarja Turunen – Nightwish
A forma em que aconteceu a demissão de Tarja foi um dos episódios mais covardes em toda história do metal, e olha que tem muitos causos de bastidores que deixariam os caros leitores enojados. Mandar justa causa para a moça por meio de carta foi nada menos que maquiavélico e frouxo por parte dos caras.
Mas, com muito amor e indulgência no coração, Turunen poderia voltar ao seu lugar cativo. Floor Jansen (ex-After Forever) desempenha um belo trabalho, porém o velho par de chinelo fora talhado aos moldes de Tarja; na cantora, fica rigorosamente confortável e prazeroso.
5. Ace Frehley & Peter Criss – KISS
A dupla ganhou na loteria ao integrar a banda mais quente do mundo! O KISS, desde os anos 70, é uma máquina muito bem azeitada para fazer música e dinheiro. Ace e Peter, no entanto, não souberam jogar o jogo da fortuna e caíram em desgraça por conta dos mais diferentes abusos e armadilhas que o mercado artístico tem a oferecer.
O duo ganhou cartão vermelho há anos; desde então, eles oscilam na cena entre momentos mais ditosos e outros menos positivos. Com a derradeira turnê do conjunto, a End Of The Road Tour, Ace e Peter poderiam retornar a casa, coroar suas carreiras e, claro, fechar positivamente o ciclo com a instituição do rock.
Pisando fundo no lado poético e piegas, a presença de Frehley e Criss seria bacana no último show da banda. Todavia, é mais fácil o inferno congelar do que isso acontecer, mas não custa sonhar.
6. Dave Mustaine – Metallica
Em 1983, Mustaine foi sumariamente demitido do gigante Metallica por basicamente atolar o pé na jaca demais e arrumar confusão com Deus e o mundo. Depois do pé na bunda, o músico criou o Megadeth, que é um conjunto relativamente bem-sucedido, mas, em toda oportunidade que tem, chora e lamuria sobre a exoneração do antigo cargo.
Sendo assim, para Dave cessar o chororô e ter o gostinho de tocar numa banda substancialmente grande, James e companhia poderiam trazer Dave para uma apresentação especial; seria algo como: Metallica + Friends, o que abriria precedente para trazer para festa outros músicos como Jason Newsted e Ron McGovney.
Se um dia rolasse isso, os caras teriam que deixar uma UTI móvel a postos, já que a emoção para Mustaine poderia deixar seu pulso instável, o que é bastante perigoso aos sexagenários.
7. Steve Perry – Journey
O auge do Journey foi, sem dúvida, com o Senhor Pereira, cantor que ostenta um dos mais belos timbres do rock n’ roll/AOR, nos anos 80. Os excessos da estrada, no entanto, deixaram os ânimos melindrosos, assim desentendimentos entre os músicos começaram tomar significativa parte do dia a dia da banda, e pequenas idas e vindas rolaram ao longo dos anos.
O caldo entornou de vez quando Steve se acidentou fazendo uma caminhada no Havaí. Na ocasião, o vocalista fraturou gravemente seu quadril, que acabou se tornando seu calcanhar de Aquiles. Depois disso, a relação degringolou de vez, e, em meados dos anos 90, Perry deixou o Journey para valer.
A partir daí, o conjunto tentou muitos outros cantores para se firmar no mercado como um nome potente da cena musical. Só em 2007, com a entrada de Arnel Pineda, que a banda experimentou certa bonança, porém, deveras aquém do prestígio de outrora.
Posto isso, uma reunião com Steve Perry não seria algo tão censurável, afinal, todo mundo tem idade suficiente para deixar os egos e afins de lado e focar na música.