O soteropolitano Raul Seixas foi um dos nomes da música brasileira que mais soube ler, sentir e interagir com o espírito do tempo em que atuou no mercado artístico. Introspectivo, quase recluso aos universos que existiam em seus criativos pensamentos, sensível e perspicaz, Raul, por meio de sua música e poesia, estimulou cada indivíduo a pensar de maneira independente, respeitando o todo, mas reservando o apreço pela própria individualidade.
Seixas foi um dos caras que expôs às nojentas e revoltantes intempéries da sociedade brasileira nos anos 70 de peito aberto, munido apenas de seus infinitos argumentos. O cantor foi um incendiário e perturbador do status quo do corpo social setentista e oitentista, ou seja, Raulzito fazia valer o ideário mais puro do rock n’ roll: contestar com generosas doses de deboche.
Obras como o provocador Krig-ha, Bandolo! (1973); o multicolorido Gita (1974), o audacioso Novo Aeon (1975) e o filosófico Há 10 Mil Anos Atrás (1976) fazem parte do acervo cultural nacional; trabalhos que devem ser esquadrinhados por qualquer pessoa que tenha a mínima pretensão de colocar o pé no mundo da música, poesia e literatura. Seus discos são como um amplo e acessível laboratório àqueles que queiram beber de uma fonte fecunda e nutritiva.
A carreira de Raul não foi só acertos louros e glórias; tropeços também fizeram parte de sua breve trajetória aqui no planeta Terra – e com uma rara honestidade, o verdadeiro roqueiro tupiniquim jamais escondeu suas desventuras, tampouco depositou suas infelicidades na conta de outrem. O barbudo sempre chamou a responsabilidade para si e encarou as consequências de suas escolhas infelizes, o que mostra e prova o quão digno era o cabra.
Raul Seixas foi um visionário do rock n’ roll brasileiro! Ele sabia que certos movimentos culturais como o psicodelismo e o hippie, que estavam em ascendência no país décadas atrás, jamais coabitariam a médio e longo prazo com o rock; eram como um fogo de palha, algo de curta duração, com eco em meia dúzia de bichos-grilos.
Raul era essencialmente a alma de um roqueiro tradicional, já que conservava uma verdadeira ojeriza aos ídolos criados em escritórios de gravadoras por executivos engravatados e de gel no cabelo – na época não existiam as pomadinhas para os cabelos.
Para Seixas, o rock devia ser criado sem pretensões mercadológicas, apenas amparado por um punhado de acordes, melodias bem sacadas e letras que uniam a simplicidade das ruas e a mais pura arte do sarcasmo e ironia.
Portanto, conhecer a vida e a obra de Raul Seixas devia ser, sinceramente, a obrigação de todo brasileiro! Valeu por tudo, Raulzito!
Salve Raul. Uma semente das estrelas, que aqui se perdeu. Ou foi “induzido” ao final infeliz !!!
O que falar desse cara??? Ele já falou tudo a 10 mim anos atrás.
Grande Raul.