Goste ou não e queira ou não, a cantora Pabllo Vittar é uma das principais artistas na atual cena brasileira; a música da drag queen segue um misto de pop e funk, o que tem agradado bastante o público que a segue e consome sua arte, visto que suas apresentações e eventos estão sempre sold out e sua agenda está normalmente repleta de compromissos.
Mas o foco aqui não é falar sobre a música de Vittar, mas sobre a sua representação numa sociedade machista, preconceituosa e cheia de outras mil chagas morais. O tiozão, que jura e vocifera aos parças de zap que o último bom álbum de rock é o Led Zeppelin IV (1971), dificilmente vai entender a postura contestadora e de enfrentamento que Pabllo gera em nossa comunidade.
Mas vamos fazer o seguinte: diminuir a complexidade do debate para que esses guerreiros do rock consigam acompanhar o raciocínio e vislumbrem um filete de luz em suas ideias e pensamentos.
O rock e metal, em suas gênesis, são estilos musicais pautados pela rebeldia, contestação e pelas quebras de parâmetros pré-estabelecidos na sociedade por famílias quatrocentonas e pela turma que cheira a mofo e está no poder se alimentando como um parasita do trabalho alheio.
Vittar é gay, é uma drag queen vinda do interior do Maranhão, mas a musicista teve a força e a coragem de se impor, assumir sua individualidade, apesar das infinitas críticas, boicotes, ofensas e toda sorte de obstáculos. Ou seja, Pabllo legitimou a essência do rock e metal, que é o questionamento e a ruptura de sistemas.
Afora o quê ideológico, a relação da drag queen com o som pesado é estreita a ponto de participar do show da banda britânica Bring Me The Horizon, apoiar o grupo underground Manger Cadavre?, declarar que é super fã de Angra e, claro, usar camisetas de conjuntos como Destruction, Death, In Flames, Iron Maiden, Testament, Celtic Frost, entre outros.
A música de Pabllo Vittar está bastante longe das guitarras distorcidas, dos vocais rasgados e guturais e das passagens regadas a blast beats, mas sua atitude é tão rock n’ roll quanto os principais nomes do gênero – quiçá até mais. Vittar presta um enorme serviço de utilidade pública ao desafiar o status quo da atual sociedade brasileira.
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