Desde o momento de seu nascimento, o power metal precisou lidar com os olhares críticos e repreendedores da turma que curte e vive outras vertentes de música pesada. Muitas pessoas taxam e depreciam o estilo com o infame apelido de metal espadinha, visto o teor lírico abordado por algumas bandas em suas fábulas e crônicas.
Por mais que se diga que o power metal está decadente nos dias atuais, o estilo, que foi edificado pela urgência, precisão e velocidade do thrash metal e pelas deliciosas e viciantes linhas melódicas propostas pelos grupos vanguardistas da NWOBHM, já proporcionou joias musicais que passaram com sobras ao implacável teste do tempo.
Um dos grupos mais icônicos e longevos de tal segmento musical é o Helloween. A banda surgiu no finalzinho dos anos 70, mas só tomou robustez artística a partir de meados da década de 1980, com o lançamento do full length Walls of Jericho.
A escalada para o sucesso e para os decibéis foi rápida e arrasadora. No entanto, o estouro mesmo aconteceu com a entrada do vocalista Michael Kiske e com o consequente aprimoramento de seu som.
Keeper of the Seven Keys Part 1 (1987) foi o passo seguinte das abóboras alemãs, que deixou o lado ríspido e visceral de Walls of Jericho pelo caminho para focar essencialmente em linhas melódicas mais elaboradas.
A consagração e o carimbo permanente no passaporte para mercados concorridos e desejados como o norte-americano só chegou em 1988, com o lançamento da obra prima Keeper of the Seven Keys Part 2.
Correndo por fora do modismo musical que imperava na época, cujo protagonismo era dado a nomes como Guns N’ Roses, Poison, Europe, Cinderella e afins, o Helloween se apoiou em sua própria identidade musical e capacidade criativa, sendo assim, conseguiu emplacar um bem-vindo frescor em sua arte, sem soar como uma coisa dejá vu.
Naquela altura do campeonato, o quinteto não era mais uma vibrante atração vinda das terras geladas de Hamburgo, Alemanha. Num curto intervalo de tempo, os jovens se tornaram referência e vanguarda da então novata faceta do metal.
Recheado com ritmos marcantes e eletrizantes, riffs e solos cirurgicamente compostos, linhas vocais altas e refrãos açucarados, Keeper 2 proporcionou ao grupo acumular uma milhagem ímpar e, consequentemente, um salto qualitativo em suas apresentações. O resultado foi o mais óbvio possível: angariar legiões de admiradores ao redor do globo.
Desde então, o Helloween marcou presença na cena metal com admirável linearidade e uma regularidade pouco comum no meio. Tais proezas só foram possíveis de saírem do papel por conta do fiador Keeper of the Seven Keys Part 2.
Um grande clássico.