O estado norte-americano da Califórnia é conhecido por ser a terra do Sol, das praias, do surf, das belas mulheres, dos renomados artistas de cinemas e, acredite se quiser, por ser o berço do thrash metal no país.
No início dos anos 80, por mais que Los Angeles, cidade mais agitada do estado, e lugares adjacentes apresentassem sua melhor versão com as perfumarias citadas anteriormente, os locais eram barras-pesadas coalhados de crime, tráfico, prostituição e miséria.
Portanto, transpor este lado obscuro da condição de vida imposta para maior parte da sociedade californiana em arte, era apenas questão de tempo. E mais, a música precisava se comunicar e ser um reflexo das vozes da rua. E a resposta chegou ancorada em linhas de guitarra precisas e brutais, bateria ultra rápida, vocais caóticos e em letras abordando a violência, pandemônio social e satanismo.
A nova temática musical, que tinha como alguns dos principais atores bandas como Slayer, Testament, Metallica, Exodus e Possessed, foi convencionada ser chamada thrash metal; termo cunhado pelo jornalista inglês Malcolm Dome, na edição 62 da revista Kerrang!
Um dos álbuns que colaborou para a invasão thrash em grande parte dos Estados Unidos, determinadas regiões da Europa e América do Sul, fora o debute do Metallica, Kill ‘Em All, lançado em julho de 1983.
Kill ‘Em All mantinha uma postura original e fora do catálogo! A abordagem agressiva, visceral, crua e simples foram algumas das bases em que o disco fora construído. É possível sentir um ar de Motörhead, Diamond Head e Venom no repertório, porém a obra tem sua própria voz e personalidade, e não é fora de esquadro considerá-lo como a pedra fundamental do thrash metal norte-americano.
A origem do estilo ainda é objeto de debate entre os fãs de som pesado, mas é inegável que o álbum tenha desencadeado uma revolução nos padrões e conceitos musicais da época. A música precisava voltar para as ruas e sarjetas; o som precisava refletir o espírito daquela realidade hostil e repelir para bem longe a alienação californiana de ser a terra dos sonhos.
E em pouco mais de cinquenta minutos, Kill ‘Em All refletiu de maneira cristalina o cotidiano da juventude oitentista e deu seu recado raivoso aos sepulcros caiados que infestavam a sociedade da época.