O rock é um gênero musical com mais de cinquenta anos de vida e com milhares de fãs ao redor do mundo. Ao longo dos anos, o estilo sofreu inúmeras modificações, ganhou muitos subgêneros, além disso precisou lidar com um bocado de drama e revés mercadológico e já o tentaram matar uma quantidade de vezes que seria praticamente impossível tabelar.
Contudo, o bom e velho rock continua firme e forte e se adaptando aos tempos modernos. Uma prova disso é o flerte com a inteligência artificial (IA) no processo de produção musical.
Essa tecnologia está “revivendo” músicos, criando novas músicas e cativando novas gerações de seguidores, como aconteceu com Freddie Mercury, falecido vocalista do Queen, que teve a voz usada em um cover de Yesterday, dos Beatles.
Outro exemplo é a recriação da faixa Snuff, canção da banda de heavy metal Slipknot, com o vocal de Corey Taylor substituído pelo de Chester Bennington, frontman do Linkin Park que morreu em 2017.
Segundo Marcus Mendes, host dos podcasts Bolha Dev e Hipster Fora de Controle, os algoritmos avançados e o aprendizado de máquina permitem à IA ser capaz de analisar as obras e o estilo desses músicos, gerando composições inéditas. “Com esse recurso, é possível imprimir a essência dos artistas na atualidade, de uma forma que mal conseguimos diferenciar se eles realmente fizeram as gravações ou se foi a tecnologia”, afirma.
O especialista ainda ressalta que essa tendência está impulsionando a experimentação musical e a fusão de estilos, ampliando horizontes sonoros. “Ao avaliar e cruzar vastos volumes de dados, a IA pode ajudar em novas descobertas, com novos elementos que reagem em tempo real às faixas criadas, improvisos de instrumentos e muitas outras funções. Ou seja, é uma ferramenta que pode ser uma grande aliada da criatividade humana”, destaca.
Implicações éticas no uso de IA na música
Apesar de inúmeros benefícios, a utilização de ferramentas de IA na indústria fonográfica vem esbarrando cada vez mais em implicações éticas e legais, principalmente relacionadas a direitos autorais e plágios.
O Spotify, por exemplo, removeu 7% das músicas criadas artificialmente com o aplicativo Boomy pelo suposto uso de bots, segundo um relatório do Financial Times.
Para Mendes, o estabelecimento de acordos, contratos e outras convenções são os maiores desafios do emprego da tecnologia no cenário musical, mas o estudo dessas questões é válido pelo seu potencial criativo.
“Entender como a chegada de novas formas de produzir, distribuir e consumir música irão se adaptar legalmente à realidade atual é uma missão que vale ser encarada tanto pelo mercado quanto pelos artistas, afinal, imagine como a evolução do Rock e outros gêneros pode ser alavancada com o desenvolvimento tecnológico. Um dueto de Raul Seixas e Rita Lee, talvez? O céu é o limite”, finaliza.