No começo de carreira, a maioria das bandas de rock e metal usam e abusam de uma bem-sucedida e simples receitinha para edificar um lugar no mercado fonográfico e, evidentemente, angariar sucesso comercial.
A receita trivial leva os seguintes ingredientes: Muita energia e vigor; boas doses de criatividade e inspiração; uma porção de dedicação; pitadas generosas de bons contatos e planejamento e companheirismo a gosto.
Mesmo de forma empírica e tateando entre erros e acertos, muitos grupos colocaram tal fórmula em prática e ergueram obras musicais que marcaram a história da 1ª arte. Porém, depois de lotar os bolsos de dindim, ostentar contratos polpudos e, até mesmo, vitalícios e deixar chagas morais como vaidade, egoísmo e ego tomarem as posições de protagonismo, as bandas tendem deixar a peteca cair, e o capricho e zelo por suas criações ficam relegados ao segundo e terceiro plano.
Dessa forma, os álbuns finais de inúmeros conjuntos e artistas são bem difíceis de engolir, pois gabaritam a cartilha do que não fazer numa obra musical. À vista disso, o adeus, em estúdio, pelo menos, para muitos nomes da música é triste, melancólico e lastimável. Nas linhas abaixo, nós te convidamos a relembrar alguns desses álbuns finais que fracassaram comercialmente.
Lou Reed/Metallica – Lulu (2011)
“De certa forma, é mais legal que as pessoas não o tenham abraçado, porque o torna mais nosso; é o nosso projeto, nosso disco e não foi feito para as massas. Isso o torna mais precioso para aqueles que estavam envolvidos”, disse o baterista Lars Ulrich sobre Lulu, em entrevista ao The Guardian.
O teor da fala de Lars tem um verniz elitista digno de algum aristocrata engravatado, com cheiro de mofo e que sofre de grave disfunção erétil. Ou, para ficar no costumeiro perfil de Ulrich, soa como um chilique de criança mimada que fora contestada pelos amiguinhos ou por algum adulto.
Devaneios à parte, Lulu é um Frankenstein musical, pois é evidente que distintas ideias sonoras foram coladas entre si de forma leviana e desmazelada. E mais, elas não seguem um principio lógico com começo, meio e fim. Além disso, é claro como um cristal que não houve cuidado, tampouco dedicação com a realização do projeto, seja da arte da capa à produção e do repertório às performances individuais.
No multiverso de Lars Ulrich, Lulu pode ser um diamante vermelho, contudo, no planeta Terra, o disco é apenas mais um insucesso criativo do Metallica e Lou Reed.
Pink Floyd – Endless River (2014)
Há quem que ame odiar o Pink Floyd na fase pós rompimento com o baixista e compositor Roger Waters. Há também que espalhe aos quatro ventos que o grupo foi um desastre comercial em tal época.
Bem, neste caso é melhor analisar os fatos de forma menos apaixonada e romântica, pois A Momentary Lapse of Reason (1987) bateu a marca de seis milhões de cópias vendidas e The Division Bell (1994) foi ainda melhor, rendendo aos músicos cheques volumosos, já que vendeu mais de doze milhões de cópias.
Seria um bom ponto final nos lançamentos de estúdio do grupo, no entanto, David Gilmour e Cia consideraram interessante desenterrar as sobras de estúdio das sessões de The Division Bell e lançá-las sob o nome de Endless River.
Por mais que a intenção tenha sido homenagear o saudoso tecladista Richard Wright, o disco vendeu pouco mais de dois milhões de cópias, o que é, para os altíssimos padrões do Pink Floyd, um forte indício de fracasso comercial.
Black Sabbath – 13 (2013)
O Sabbath é uma banda de extremos! Quando o quarteto britânico acertou foi em cheio e com golaços de placa – vide Paranoid (1970), Master of Reality (1971) e Heaven and Hell (1980). Mas quando pisou na bola, a coisa foi mais tosca do que perder gol feito e levar o time ao rebaixamento.
O indigesto 13 é a maior mancada musical do grupo em seus mais de 50 anos de serviços prestados à música pesada. O vacilo do disco já começa por não contar com Bill Ward. O motivo? A Cruella do metal, Sharon Osbourne, minimizou a importância do músico e o ofereceu um contrato aquém de sua importância ao legado do grupo. E é claro que Bill não aceitou, pois ainda conserva dignidade e amor próprio.
A sucessão de erro continua com a produção insossa, oca e sem vida do superestimado Rick Rubin. Já o repertório é mal-arranjado, estéril e relaxado; é uma obra deliberadamente nivelada por baixo.
E é nítido ao ouvinte que o coração de nenhum dos três membros originais que trabalharam na obra – Ozzy, Tony e Geezer – não estavam sintonizados com o projeto. 13 soa mais como um álbum exigido pela Cruella, e como é ela quem assina o cheque, a turma fez sem contestar.
KISS – Monster (2012)
Em 2009, Paul Stanley (vocal e guitarra), Gene Simmons (baixo e vocal), Eric Singer (bateria e vocal) e Tommy Thayer (guitarra e vocal) finalmente voltaram ao estúdio, após mais de uma década, para gravar Sonic Boom, o primeiro de dois álbuns de volta ao básico, ou seja, sem baladas e sem compositores ou produtores externos.
Três anos depois, Monster seguiu as mesmas regras e Stanley disse repetidamente que não haveria mais álbuns do KISS. Apesar de algumas críticas favoráveis e de uma forte estreia na parada Billboard Top 200, o disco fez uma queda surpreendentemente rápida nas paradas logo depois.
Após sete semanas, o trabalho caiu totalmente do Top 200 – a menor permanência na Billboard desde o desastroso Carnival of Souls: The Final Sessions, de 1997. No final de tal ano, Monster havia vendido apenas 132 mil cópias nos Estados Unidos, contrastando com as 300 mil cópias de Sonic Boom em 2009. Um sabor amargo para uma obra da banda mais quente do mundo!
Nirvana – In Utero (1993)
O sucesso do álbum anterior do Nirvana, Nevermind, de 1991, deixou o vocalista Kurt Cobain notoriamente descontente. Com isso, ele planejou um curso mais estranho, torto e menos previsível para o terceiro e último trabalho de estúdio do grupo, que fora um disco mais cru e de volta às origens.
In Utero foi lançado em setembro de 1993 e não vendeu tanto quanto Nevermind, como Cobain queria. As músicas não agradaram nenhum pouco o público que tinha o álbum anterior como referência.
E mais, algumas lojas se recusaram a vender o álbum alegando falta de demanda do público. Na verdade, as lojas temiam que os clientes poderiam ficar ofendidos com o título da canção Rape Me, que mais tarde foi trocado por Waif Me.
Aerosmith – Music From Another Dimension! (2012)
Após 11 anos sem lançar um trabalho de inéditas, em meio a brigas – principalmente entre o vocalista Steven Tyler e o guitarrista Joe Perry – rumores de separação, acidente no palco e reabilitação, o Aerosmith lançou seu décimo quinto e, aparentemente, último álbum de estúdio, Music From Another Dimension!, em 2012.
Como a gravadora Columbia Records estava passando por uma mudança de liderança, o trabalho não recebeu o trato necessário, e o que deveria marcar um retorno positivo, no entanto acabou se tornando uma decepção comercial e acumulando poeira nas prateleiras das lojas. As músicas variam muito de qualidade e fica fácil perceber que Tyler e seus companheiros de banda não estavam em sintonia.
Nem achei o do black sabbath tao ruim,mas o bill nao foi por w alem de nao curtir o contrato tava mal de saude ja declarou várias vezes depois
Quem foi que disse que o 13 do Black Sabbath é fraco? Evidentemente ele não é como os discos primordiais, mas nem por isso deixou de ser bom. É um disco que já está aí com 10 anos de lançamento. Com plena e absoluta certeza, ele está envelhecendo muito bem!
Concordo. É um ótimo disco.
Minha impressão é que o artigo foi escrito por alguém que acordou de mal com a vida e resolveu espinafrar o que encontrou pela frente.
Endless River e 13 são excelentes discos.
In Utero é um classico. Não tão comercial quanto Nevermind, mas muitos fãs do Nirvana o consideram o melhor trabalho da banda. Cru, pesado e intenso.
In utero vendeu 15 milhões de cópias, imagina se tivesse “dado certo” comercialmente….
O Sabbath 13 é muito bom!