Scream For Me Brasil: 7 momentos marcantes de Bruce Dickinson em nosso querido país

“Os rumores vicejavam quanto a um encontro dramático e exótico – um continente a se descobrir. O mundo do Iron Maiden estava prestes a enlouquecer à brasileira. Rumávamos para o sul, a caminho do Rio de Janeiro […] Não fazia ideia de onde ficava a praia de Copacabana ou o Corcovado ou o Pão de Açúcar. Nunca fora apresentado à Garota de Ipanema e nunca provara uma caipirinha. Brahma para mim era um monge indiano, não uma cerveja, e não fazia ideia de que balançar o traseiro pudesse ser um esporte nacional”, disse o vocalista Bruce Dickinson, em sua autobiografia Para Que Serve Esse Botão?, lançada em 2018.

As palavras do icônico Air-Raid Siren, que é um dos maiores vocalistas de rock e metal do planeta, sobre o nosso querido país e sobre a cidade do Rio de Janeiro vem impregnada do seco e sarcástico humor inglês, mas também repleta de admiração pela nossa terra que é um dos lugares com os fãs mais apaixonados pela música pesada. E isso não é um achismo, não, é só correr os olhos nos muitos álbuns e vídeos gravados na terrinha para se chegar em tal inevitável constatação.

E os encantos do Brasil e de seu povo são de tamanha grandeza que mesmo para uma pessoa com a bagagem de vida de Dickinson, que ostenta mil e uma carreiras e trabalhos como piloto de avião, escritor, roteirista, ator, empreendedor do ramo de aviação, apresentador de rádio, palestrante e esgrimista, o Brasil é um universo à parte, um lugar repleto de originalidade e excentricidade.

Dessa forma, te convidamos a relembrar 7 momentos marcantes de Bruce Dickinson em nossa estimada pátria. Então, sem delongas, Scream for Me Brasil!

1. Rock in Rio 1

As proezas e o caso de amor do cantor com o Brasil começaram na primeira edição do Rock in Rio, em janeiro de 1985. O desejo da produção do evento era ter dois shows da Donzela de Ferro, um em cada semana de festival, mas o grupo só topou fazer um. Mesmo assim, fora o suficiente para carimbar de forma vitalícia o passaporte de Bruce e companhia em nosso território.

Em certo momento do show, diante 300 mil fãs, durante a execução de Revelations, o frontman impulsionou o braço de sua guitarra Ibanez azul-neon por cima da cabeça e abriu um corte na testa.

A grande quantidade de sangue que saía do ferimento causou espanto na produção da banda, menos no empresário Rod Smallwood, que o aconselhou a não limpar o rosto, mas exibir o corte e a face ensanguentada para câmeras que estavam ávidas por algo impactante para mostrar em seus veículos. Batata! No dia seguinte ao show, os jornais traziam o cantor em destaque e todo ensanguentado.

Foto: Acervo RockBizz

2. Primeira turnê solo 

A saída repentina de Adrian Smith do Maiden causou feridas e desânimo em Bruce, os rumos musicais do grupo já não contemplavam suas intenções artísticas e o peso de conviver anos a fio com os companheiros de banda cansou o vocalista que pediu o chapéu para respirar novos ares e tocar com outros músicos.

Com álbuns intencionalmente criados longe da direção artística do Iron, Bruce deu vida a uma bem-sucedida carreira solo, que aportou no Brasil pela primeira vez em março de 1995. Na ocasião, Dickinson veio acompanhado por Alex Dickson (guitarra), Chris Dale (baixo) e Alessandro Elena (bateria), músicos que pareciam ter vindo diretamente da cena grunge de Seattle. Os shows rolaram em São Paulo (Olympia) e Rio de Janeiro (Imperator) e o ingresso de pista, pasmem, saía pelo módico valor de 20 reais.

Nota: No player abaixo, você pode curtir uma entrevista realizada na época do show pelo apresentador Gastão Moreira, para o saudoso programa Fúria Metal. Atualmente, Gastão segue fazendo um incrível trabalho cultural em seu canal no YouTube; para mais informações, acesse aqui.

3. Dickinson & Smith

Já com Adrian Smith a bordo de sua empreitada solo, Bruce retornou ao Brasil no finalzinho de 1997 para o Skol Rock. A tour fora em divulgação ao seu quarto trabalho solo Accident of Birth; álbum que fora uma forma de fazer as pazes com seu passado heavy metal.

Os shows no Skol Rock foram bem significativos aos fãs do Maiden, já que fora a primeira vez em anos que Dickinson e Smith; dois importantes membros do Maiden, se apresentavam nos palcos brasileiros juntos. E a cereja das apresentações foi a execução de 2 Minutes To Midnight, Powerslave, Flight Of Icarus e Run to the Hills.

4. São Paulo quer mais – The Chemical Wedding Tour 1999

A turnê do quinto álbum solo do cantor, The Chemical Wedding, chegou em São Paulo em abril de 1999. Também fora o finalzinho da tour de divulgação do disco, e a banda era uma locomotiva imparável.

E é claro que os fãs sabiam disso, pois esgotaram os ingressos em pouquíssimo tempo. Para não deixar o público na mão, um show extra foi rapidamente agendado, que também esgotou em pouco tempo.

As apresentações rolaram no Via Funchal e serviu como pano de fundo para o álbum ao vivo Scream for Me Brazil, lançado em novembro de 1999.

Foto: Acervo RockBizz

5. Rock in Rio 3 – Um admirável mundo novo

Dezesseis anos depois do primeiro Rock in Rio, o Maiden voltou a se apresentar no festival, mas, desta vez, como atração principal. Em 1985, o headliner foi o Queen. Agora, o Iron ditava as regras do dia do metal no evento.

As duzentas e cinquenta mil pessoas que prestigiaram o show podem reclamar do cruel calor; da incessante sede; da poeira que abusava dos pulmões e da lama criada pelos caminhões-pipa que disparavam água no público para arrefecer o calor, no entanto, a sensação de alívio era momentânea, pois o vapor vindo minutos depois dificultava a respiração e transformava o ambiente em nada menos que um chiqueiro.

Porém, é simplesmente impossível tecer algum comentário negativo sobre o show e a performance do grupo! A empolgação de todos os músicos era evidente, mas Bruce, por ser a comissão de frente, era ainda mais intenso e vibrante. Assisti-lo comandar um coral de duzentas e cinquenta mil vozes foi um momento sublime e especial para todos que lá estavam.

6. Alô, mãe! Estou em Porto Alegre

Uns o taxariam de megalomaníaco, já que a ideia era sair numa turnê mundial a bordo de um 757 com a banda, equipe e equipamento. Bem, a intenção saiu do papel e ganhou forma nas asas do lendário Ed Force One.

Em 2008, sob a tutela da Somewhere Back in Time World Tour, a trupe aportou no Brasil e um curioso episódio aconteceu em Porto Alegre, quando um fã jogou um celular no palco. Na ocasião, o vocalista remontou as partes do objeto e improvisou um dialogo com a mãe para apresentar a música seguinte do set.

“Alô, mãe! Deve estar bem frio aí na Inglaterra. Eu estou no palco com o Iron Maiden. Nossa, a ligação está ruim. Bem, estou aqui com quinze mil pessoas em Porto Alegre. Só não consigo tirar foto, a câmera não funciona.

Enfim, eu sei que estou numa banda de rock n’ roll; eu sei que não é um trabalho de verdade. Me desculpa! Eu devia ter sido um médico ou advogado. Mas mãe, tem 15 mil pessoas me esperando começar a próxima música. Mãe, eu te ligo no ano que vem. Eu sei que não tem sido uma perda de tempo e nem…Wasted Years”.

7. Acidente com grade caída no Rio

Show do Iron é invariavelmente um ambiente tomado por euforia, animação e exaltação! Durante a passagem do grupo pelo Rio de Janeiro, durante a The Final Frontier World Tour, em 2011, os ânimos dos fãs estavam tão acirrados que nos primeiros versos de The Final Frontier a grade de contenção não aguentou a pressão do público e veio abaixo.

Os profissionais de imprensa que estavam no pit de fotografia tiveram que correr para as laterais do palco para não se machucarem. Imediatamente, Dickinson parou de cantar e começou a dar instruções aos seguranças que tentavam conter o avanço da plateia, e também pedia aos fãs que recuassem para que ninguém se ferisse.

A banda continuou a performance da canção, mas sem os vocais de Bruce, que ficou tentando arrefecer a temperatura do ambiente. Depois da execução do som, a banda pediu um tempo para que a produção tentasse reparar a grade, todavia, não teve jeito e o show foi cancelado; o evento passou para o dia seguinte, segunda-feira, 28 de março de 2011.

Nesse episódio, Dickinson teve uma relevância por conseguir, pelo menos no ápice do problema, manter o público em relativo controle. Foi um incidente que poderia ter se transformado facilmente num acidente de proporções catastróficas.

Com o cancelamento da apresentação, grande parte da plateia deixou as dependências da casa de show de forma calma e educada. Apenas uma parcela aderiu para ações selvagens de quebra-quebra.

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