Num papo rápido com Bruce Dickinson é possível perceber o quanto o músico é a mais pura essência da disposição, vigor e animação. É uma pessoa intensa e de ação, com o comichão de sempre querer desbravar novos territórios. Então, é meio óbvio que o banal e o usual cedo ou tarde vai deixar o eterno Air-Raid Siren enfadonho e desinteressado.
Um bom exemplo que reforça a frase anterior é o desânimo e apatia que o cantor teve no começo da década de 1990 com os rumos seguidos pelo Iron Maiden. Para dar vazão a inquietude criativa, Dickinson debutou uma interessante carreira solo, com uma orientação musical voltada, a princípio, ao som alternativo e experimental, o que era o extremo oposto praticado pela Donzela de Ferro.
Com tal pegada, os álbuns Tattooed Millionaire (1990), Balls to Picasso (1994) e Skunkworks (1996) ganharam vida e mostraram que o vocalista estava antenado as novidades da época e que estava disposto pagar o preço que fosse para expandir suas fronteiras musicais.
Neste período, Bruce saboreou diferentes experiências como tocar em lugares pequenos, em cidade sitiada e bombardeada, em países que pouco e ou nunca foram visitados pelas bandas de grande porte, entre outras vivências.
De certa forma, o fato de ter ficado anos correndo fora da série A do heavy metal e se alimentando artisticamente de novas fontes, serviu como agente motivador para que Bruce eventualmente voltasse ao som pesado com mais energia e vontade. E isso é facilmente perceptível, por exemplo, numa primeira audição de Accident of Birth, lançado em 14 de maio de 1997. O disco fora a grande volta do Dickinson à seara do metal e as pazes com os fãs que não se conformavam com a vertente mais despojada e alternativa do cantor.
O público acolheu Accident of Birth com notável positividade, principalmente pela presença do guitarrista Adrian Smith, o que soava aos mais saudosistas como um alento aos ouvidos. O trabalho ainda tocou forte no coração dos fãs por ter a arte da capa assinada pelo ilustrador Derek Riggs, ou seja, pelo criador do mascote Eddie, do Iron Maiden.
O álbum foi bem recebido pelo público e crítica; nas paradas, o disco até que foi muito bem, especialmente por ser uma obra essencialmente de metal, e alcançou boas posições na Alemanha, Finlândia e Japão. No Brasil, Accident of Birth também foi bem e garantiu uma passagem do vocalista em São Paulo, com um show energético no estádio do Ibirapuera, ao lado do Scorpions e Dio.
Accident of Birth é, sem dúvida, um dos álbuns mais bacanas da longa carreira de Dickinson, e fora a forma que o músico encontrou para voltar à música pesada e, consequentemente, fazer a alegria de milhões de fãs mundo a fora. Já o resto… Bem, é história!
