Poucas bandas souberam incorporar visualmente e musicalmente toda a essência libertadora, transgressora e revolucionária do rock n’ roll e heavy metal. Cabelos armados, maquiagem carregada, unhas pintadas de rosa, roupas extravagantes, entre outros artifícios visuais estavam sob o domínio dos cinco nova-iorquinos do Twisted Sister.
A excentricidade do grupo fora concebida para fazer valer um dos princípios básicos da música pesada, que é abalar as estruturas da sociedade, agredir o status quo dos ardilosos cidadãos de bem e mostrar o quão hipócrita são àqueles que detêm os principais postos da comunidade.
Os primeiros passos foram dados na década de 1970, no entanto, a inconsistência na formação e dificuldades financeiras, por exemplo, atrasaram os planos da banda, que só pôde lançar seu primeiro trabalho de estúdio, Under the Blade, em 1982.
O álbum seguinte You Can’t Stop Rock’n’Roll, de 1983, colaborou para boa impressão da entidade zombeteira do glam rock; mas Dee Snider e companhia ainda estavam devendo uma obra arrebatadora. Contudo, a consagração comercial veio com Stay Hungry, lançado em 1984, que já chegou a incrível marca de quase 4 milhões de cópias vendidas.
Forjado por muita atitude, ímpeto animalesco, independência artística, deboche e declarações contestatórias sobre políticos, sociedade e, até mesmo, sobre os colegas de profissão que cismavam em pegar leve na música e comportamento para se encaixarem nos padrões mercadológicos, Stay Hungry chegou colocando o dedo na ferida sem se importar com as possíveis consequências, que chegaram numa bisonha e infrutífera tentativa de censura e desaprovação por conta de algumas entidades e representantes sociais e comerciais.
Gravado em Nova Iorque e Los Angeles sob o comando do produtor e gênio musical Tom Werman, Stay Hungry acertou em cheio com os singles atemporais We’re Not Gonna Take It, Burn in Hell, I Wanna Rock e a faixa-título. O disco carimbou de vez o passaporte da banda para que pudesse mostrar sua música na Europa e Oceania; sem contar as incontáveis turnês na costa leste e oeste dos Estados Unidos.
Outro movimento que colaborou, e muito, para o sucesso do álbum fora os hilários e gozadores videoclipes das citadas We’re Not Gonna Take It e I Wanna Rock. Na época, a MTV norte-americana ainda tinha compromisso com a música caprichada e apurada, então, vinculou periodicamente os vídeos, o que auxiliou no sucesso comercial da obra.
Stay Hungry sempre defendeu os interesses do rock e metal, da liberdade de expressão e do enfrentamento ao status quo coroado pelos agentes do poder. O pilar e a essência de Stay Hungry é simples e relevante até os dias atuais, e é ancorado no lema “We’re Not Gonna Take It”.