“The Show Must Go On”, em uma tradução livre: “O show tem que continuar”, é o título de uma das canções mais famosas do Queen, presente no décimo quarto álbum de estúdio da banda inglesa, Innuendo, lançado em fevereiro de 1991, e é também o mote do mercado fonográfico, não importa as circunstâncias e razões. Seja os famigerados embates de ego, brigas por dindim, traições, talaricagem e mortes, a indústria musical sempre se ajusta para seguir em frente da melhor maneira possível, captando, pois, vultosas quantias de dinheiro.
De tal modo, as bandas, em específico do rock n’ roll e heavy metal, que são os objetos da nossa matéria, colocam, na maioria das vezes, a ideia do insubstituível para bem longe, e dedicam-se de corpo e alma ao mesmo esquema para uma longeva carreira. Dito isso, não é raro se deparar com grupos que perseveraram sem o vocalista original, alcançando sucesso estratosférico com o novo integrante.
Nas linhas abaixo, a gente vai relembrar algumas substituições de vocalistas que deram muito, muito certo e os frontmen se firmaram como uma força criativa, fecunda e conveniente aos respectivos grupos.
Ronnie James Dio – Black Sabbath
É senso comum dizer que o Sabbath só é Sabbath com Ozzy Osbourne nos vocais! Evidente que o Madman é o dono da coroa e só ele pode ser chamado de Vossa Majestade, no entanto, é mais do que nítida a transformação e revolução sonora proporcionada na banda pelo saudoso Ronnie.
Com recursos vocais variados, Dio abriu novos universos melódicos e harmônicos ao Sabbath, fato facilmente percebido em sons como Children of the Sea, Heaven and Hell e Falling Off the Edge of the World. Embora tenha ficado no posto por pouco tempo, James garantiu um desejado e bem-vindo ressuscitamento comercial ao grupo no começo da década de 1980, além disso, enriqueceu a marca e obra do Sabbath de forma memorável.
Brian Johnson – AC/DC
Se já é difícil pegar o bonde andando, imagina quando o bonde é um trem-bala e está a mil por hora e completamente sem freio. Bem, essa era a realidade do AC/DC na década de 1970: Uma locomotiva do rock n’ roll, cujo os condutores eram os geniais Angus Young (guitarra), Malcolm Young (guitarra) e Bon Scott (vocal).
Com a morte de Bon em fevereiro de 1980, a condução da banda fora comprometida, porém, a tábua de salvação veio com o vocalista Brian Johnson. Com os dois pés na porta, Brian estreou em alto estilo no multiplatinado Back in Black, e proporcionou à banda alçar voos ainda maiores que outrora.
Sammy Hagar – Van Halen
A relação dos irmãos Van Halen e o vocalista David Lee Roth sempre fora no melhor estilo amor e ódio, com farpas e delicadezas cruzando todos os lados. Depois do sucesso estrondoso do clássico 1984, as mais diversas loucuras que o dinheiro e a fama podem proporcionar tomaram protagonismo desmedido no grupo, com isso a relação entre os irmãos e Lee Roth, que se equilibrava em gelo fino, chegou a um ponto limite.
Com Lee seguindo carreira solo, a banda achou na figura do Red Rocker o frontman que a levaria ao próximo nível. Sob o nome de 5150, o primeiro registro de Hagar no Van Halen saiu melhor que encomenda e vendeu mais de seis milhões de cópias só nos Estados Unidos. As açucaradas Why Can’t This Be Love, Dreams e Love Walks In foram indispensáveis para boa aceitação de Sammy e sucesso da gema 5150.
Michael Kiske – Helloween
Em ascensão desde seu início e amparado pelo imponente full length Walls of Jericho, o Helloween, em meados dos anos 1980, simbolizava a força pujante do metal alemão. Mesmo com jogo ainda no início, mas gozando de relevante êxito, a banda precisou lidar com um significativo desafio: o vocalista e guitarrista Kai Hansen sinalizou que queria se concentrar apenas na guitarra, assim o posto de vocalista precisaria de um novo rosto.
O prodígio Michael Kiske foi a escolha mais do que acertada e o meio perfeito para a difusão do ideal musical do grupo. A prova é incontestável, basta ouvir – de preferência bem alto – os soberbos álbuns Keeper of the Seven Keys Part 1 (1987) e Keeper of the Seven Keys Part 2 (1988).
Cabe um adendo, o substituto do substituto, Andi Deris, também fez um trabalho impecável no Helloween, ouça a trinca matadora com Master of the Rings (1994), The Time of the Oath (1996) e Better Than Raw (1998).
Bruce Dickinson – Iron Maiden
Embora tenha fundamentado sua carreira já nos primeiros dois discos: Iron Maiden (1980) e Killers (1981), a Donzela de Ferro não iria muito longe com o vocalista Paul Di’Anno, devido seu comportamento errático e limitada desenvoltura vocal. E é claro que tal ideia de pendurar as chuteiras logo no começo do jogo nunca passou pela cabeça do líder da banda, o baixista Steve Harris, e seu sócio, Rod Smallwood, que atua como empresário do grupo.
Do Samson veio a solução dos problemas de Steve e Rod, o air-raid siren, Bruce Dickinson, que já chegou cumprindo o restante da turnê de Killers, mostrou seu poderio vocal e ilimitada criatividade em estúdio com o seminal The Number of the Beast (1982). E o aconteceu depois disso? Bem, o Iron Maiden escalou, álbum a álbum, turnê a turnê, até o ponto mais alto que uma banda heavy metal pode chegar.
Steve Hogarth – Marillion
Situado no epicentro da música progressiva inglesa, o Marillion dos anos 1980 era a representação do sucesso, onde a simbiose do quê radiofônico representada por músicas como Kayleigh e Lavender e o lado complexo e progressivo vindo de sons como Fugazi e Script for a Jester’s Tear coexistiam em perfeita harmonia.
No entanto, o abalo sísmico aconteceu com a saída de Fish (Derek Dick). A vida na estrada já o consumia em demasia, o que dificultava, e muito, o cotidiano com seus companheiros de banda. A solução do Marillion veio com a entrada do Steve Hogarth, que já chegou botando banca com o incrível Seasons End (1989).
Os mais mais ardorosos do Fish chegaram fazer cara feia a Hogarth, mas eram infundadas quaisquer análises pejorativas direcionadas a Steve, pois o cantor deu conta do recado e proporcionou mais opções melódicas e harmônicas à banda.
Edu Falaschi – Angra
Para suceder Andre Matos em uma banda, o frontman tem que ser uma sumidade na arte de cantar, no mínimo. A árdua tarefa de substituir o saudoso Maestro, no Angra, coube a Edu Falaschi, e o resultado foi muito, muito bom. Rebirth (2001) mostrou que o Angra tinha estamina de sobra e estava disposto usá-la para composição de um dos principais discos do metal brasileiro.
Com canções mais polidas e técnicas que seu antecessor, o Fireworks (1998), Angra e Edu marcaram território e deram uma ótima impressão do trabalho já numa primeira audição, cortesia, por exemplo, da trinca imponente composta por Nova Era, Millennium Sun e Acid Rain. É notável como Falaschi canalizou toda pressão externa e a transformou em performances matadoras. Rebirth é um trabalho excepcional no qual Falaschi rouba a cena.
Yea
Sacrilégio esquecerem do caso David Coverdale – Deep Purple
Esse foi o segundo caso, a primeira substituição bem sucedida foi Ian Gillan, no lugar de Rod Evans.
Concordo plenamente. Ainda com Coverdale esteve Glenn Hudges que além de um baixo poderoso tinha uma voz incrível, The Voice of Rock.
Verdade. Coverdale E Hughes.
O Rock é essencial â vida. Sem dúvida, personalidades marcantes já gravaram seus nomes na História dessa incrível força que é o Rock in roll. Sou fã desses inesquecíveis showman Ozzy, Fred Mercury, Bruce, Robert plant. FANTÁSTICOS
Esqueceram do Sepultura???
Bom dia.
RJD literalmente ressuscitou o Sabbath e de bônus ozzy
Yeahhh
De repente ajudou a colocar os holofotes de volta sobre os MASTERS.
Concordo com o Felipe: esqueceram David Conversar no Deep Purple .
Abraços
Genesis? Phil Collins quebrando o galho com a saída de Peter Gabriel?
Esqueceram Phil Collins no Gênesis!
Rock e vida e eterno
Esqueceram de vários casos, como já comentaram aí. Acrescento Mike Patton no Faith no More.
Frejat substituindo Cazuza no Barão Vermelho também.
E agora skid row ressuscitou com um novo e bom vocalista. Confiram Eric Gronwall
Se fizer uma retrospectiva como essa em relação a guitarristas, teremos mais emoções nesse contexto do rock roll.
O Hogarth não chega aos pés do Fish, mas…