Como diz o ditado popular: Antes tarde do que nunca! O Rock in Rio, que é maior festival de música e entretenimento no Brasil, voltou, depois de um longo período de incertezas e tristes notícias, devido a pandemia do novo coronavírus. E, surpreendentemente, o Dia do Metal, que aconteceu na última quinta-feira, dia 2 de setembro, fora o escolhido para dar o pontapé na epopeia musical proposta pelo evento.
No Palco Sunset, o Black Pantera fez uma dobradinha com Devotos e mostraram que o hardcore brasileiro é muito bem representado. Levantando bandeira como “Vidas Pretas Importam”, as bandas protestaram e pediram equidade e respeito as minorias, além disso, os grupos ressaltaram que era um grande prazer tocar no festival e que aquele seria um show/protesto. Como resposta, o público mandou um recado ao atual presidente brasileiro: “Ei, Bolsonaro! Vai tomar no cú”! Em menos de uma hora de apresentação, Black Pantera e Devotos deixaram um boa impressão e provaram o porquê do hardcore Made in Brasil ser respeitado mundo afora.
Enquanto isso no Palco Supernova, a mulherada da Crypta e seu death metal fizeram, literalmente, as estruturas do palco vir abaixo, com fragmento da decoração do palco vindo abaixo, visto tamanha massa sonora provindo de canções como From the Ashes e Blood Stained Heritage. No mesmo palco, o Ratos de Porão comemorou seus quarenta anos de estrada com temas como Crucificados pelo Sistema, Anarkophobia e Igreja Universal. Imbuído pelo show, o público também mandou um recado ao presidente: “Ei, Bolsonaro! Vai tomar no cú”.
Já no Sunset, o Metal Allegiance, que veio representado por Chuck Billy (Testament), Alex Skolnick (Testament), Mike Portnoy (Winery Dogs, Sons of Apollo, ex-Dream Theater), Phil Demmel (ex-Machine Head), Mark Menghi e John Bush (Armored Sain), defenderam o thrash metal com unhas, dentes e riffs e solos cortantes. Sons como The Accuser; Only, do Anthrax; Into the Pit e Alone in the Dark, do Testament, garantiram os aplausos do público brasileiro.
Ainda no mesmo palco, o Living Colour se apoiou em seu funk metal, onde músicas como Wall, Desperate People e Ignorance is Bliss deram o tom da apresentação, que fora dedicada a vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada em 2018. O vocalista Corey Glover levantou um cartaz escrito “Vote” de um lado e “Democracia” do outro, com isso, o público reagiu: “Ei, Bolsonaro! Vai tomar no cú”. A banda norte-americana ainda recebeu a ilustre presença de Steve Vai para performances de Cult of Personality, This is the Life, Rock and Roll, do Led Zepellin, e Crosstown Traffic, do Jimi Hendrix Experience.
Os trabalhos no Sunset se encerraram com show da banda galesa Bullet For My Valentine, que fora a representante do metalcore no festival. O clima de festa no palco fora mantido pela parcela mais jovem do público que não se intimidou e mostrou muita energia em Fever, Scream Aim Fire, Piece of Me e Your Betrayal.
Coube ao Sepultura, em parceria com a Orquestra Sinfônica Brasileira, fazer as honras de abrir os shows no Palco Mundo. Com novos arranjos, clássicos como Roots Bloody Roots, Territory, Chaos A.D. e Refuse/Resist, aliadas às novatas Machine Messiah e Guardians of Earth, provaram, mais uma vez, que o grupo é motivo de orgulho ao povo brasileiro.
A banda francesa Gojira, que fora confirmada às pressas, já que o Megadeth cancelou, de novo, sua participação do festival, deu conta de segurar a temperatura nas alturas com seu death metal virtuoso. Destaque para faixa Amazônia, que aborda a destruição ambiental no Brasil. Imbuídos pelo teor da canção, o recado da plateia ao líder do Poder Executivo brasileiro fora o seguinte: “Ei, Bolsonaro! Vai tomar no cú”.
O headliner do dia fora, claro, o Iron Maiden, que trouxe um show irrepreensível e recheado de clássicos – leia a resenha completa da apresentação da Donzela de Ferro aqui. O ponto final da noite, no entanto, ficou na responsabilidade do Dream Theater, que não conseguiu dar conta da difícil missão.
O metal progressivo do grupo norte-americano não agradou a grande maioria do público, então, o que se viu fora uma triste debandada da plateia. Uma parte, já fisicamente cansada, devido a maratona de shows, foi embora, outra parcela resolveu gastar dindim com merchandise e comes e bebes. Todavia, os fãs que prestigiaram o show do Dream Theater puderam curtir performances impecáveis de The Alien, Invisible Monster e o hit Pull Me Under.
Com quase doze horas de música, o Dia do Metal chegou ao fim, provando que o estilo se mantém vivo e bem representado pela nova e antiga geração. O público cumpriu sua cota de responsabilidade para o que se espera de um festival de heavy metal que é curtir e apoiar as bandas, protestar sobre o que o incomoda e, principalmente, se divertir.