O eterno madman, Ozzy Osbourne, sempre fora um dos artistas que mais se meteu em roubadas e confusões na história do show business. Como bem lembrou a fan page dedicada ao Black Sabbath e ao Prince of Darness, Peregrinos da Sabbacracia, Ozzy se machucou um bocado durante a gravação do clipe de So Tired, faixa do disco Bark at the Moon (1983), já que em certo momento do vídeo há a destruição de espelho cenográfico, onde, infelizmente, alguns cacos penetraram a pele do vocalista, causando alguns ferimentos.
No trecho abaixo, que fora retirado do livro “Eu Sou Ozzy, Parte dois “Recomeço”, capítulo 9: “Betty, onde é o bar?”, páginas 266 e 267, você pode conferir a história completa.
“Se alguém teve uma experiência próxima à morte na turnê de Bark at the Moon, fui eu. O incrível, no entanto, é que não teve nada a ver com drogas ou bebidas — não diretamente, pelo menos. Aconteceu quando tivemos um descanso de quarenta e oito horas depois de um show em Nova Orleans para filmar o vídeo para “So Tired” em Londres. Era uma distância insana para viajar em tão pouco tempo, mas naqueles dias a MTV estava começando a se tornar uma parte importante na indústria musical, e se pudéssemos colocar um vídeo na programação isso garantiria que nosso disco ganhasse platina. Então sempre investimos dinheiro e esforço nos vídeos.
O plano era viajar de Nova Orleans a Nova York, pegar o Concorde para Londres, filmar, pegar o Concorde de novo para Nova York, daí ir para o próximo show. Era uma agenda extenuante e o fato de eu estar cronicamente bêbado não ajudava em nada. A única coisa que evitava que eu desmaiasse era toda a cocaína que estava cheirando.
Quando finalmente chegamos ao estúdio em Londres, a primeira coisa que o diretor me falou foi:
— Certo, Ozzy sente-se aí em frente ao espelho. Quando eu mandar, isso vai estourar por trás.
— Certo — falei, me perguntando que tipo de efeitos especiais de alta tecnologia eles iam usar.
Mas não havia nenhum efeito especial. Só havia um espelho velho e um cara parado atrás dele com um martelo na mão. Não sei quem era o responsável pelo cenário, mas obviamente ninguém tinha falado sobre espelhos de teatro que são feitos para quebrar sem matar ninguém. Assim, no meio da música, o cara gira o martelo, o espelho explode e eu fico com o rosto cheio de vidro. Ainda bem que eu estava travado: não senti nada. Só cuspi todo o sangue e vidro, falando: “Certo, saúde”. Levantei e peguei outra lata de Guinness.
Não pensei mais nisso até estar cruzando o Atlântico num Concorde. Lembro de apertar o botão para pedir outra bebida e a aeromoça que vinha vindo quase derrubou a bandeja de medo. “Oh, meu Deus, ela gritou. “O senhor está bem?” Acontece que a pressão de estar a quase vinte mil metros de altitude fez com que todos os pequenos pedaços de vidro na minha pele saíssem à superfície, até meu rosto literalmente explodir. A coisa estourou, como um tomate esmagado.
Quando Sharon se virou para olhar, quase desmaiou. Uma ambulância estava esperando por mim no JFK quando aterrissamos. Não era a primeira vez que eu saia do Concorde de cadeira de rodas. Eu costumava ficar tão travado nesses voos que Sharon me carregava pela alfandega num carrinho de bagagem com meu passaporte preso na testa. E ai, quando perguntavam se tinha algo a declarar, ela só apontava para mim e dizia: “Ele”.
No hospital em Nova York eles me sedaram e tentaram tirar o máximo de vidro quebrado que conseguiram com pinças. Deram algumas drogas para reduzir o inchaço. Lembro de ter acordado numa sala branca, com paredes brancas e as pessoas ao meu redor cobertas de lençóis brancos e pensar: Merda, estou no necrotério. Ai ouvi um barulho ao lado da cama. Psssiu, psssiu. Olhei para baixo e havia um garoto com uma caneta e uma copia de Bark at the Moon.
— Dá um autógrafo? — ele pediu.
— Vai se foder — respondi. — Estou morto.”