Radar RockBizz: In Flames – The Gothenburg Sound

Conhecer a carreira dos suecos do In Flames não é uma tarefa fácil, devido a diversas mudanças de sonoridade ao longo dos 13 álbuns de estúdio: do começo extremo no underground com seu primeiro disco Lunar Strain em 1994, passando pela fase mais elaborada que consolidou a banda como um dos pilares do todo-poderoso “Som de Gotemburgo” (melodic death metal), transitando pelo metal alternativo cheio de hits nos anos 2000, até receber críticas acaloradas, em alguns momentos mais recentes, por se aproximar do rock alternativo e do hard/metal radiofônico.

Apesar das controvérsias e da fase favorita de cada fã, o som sempre foi dotado de muita qualidade e personalidade própria, onde os guitarristas Björn Gelotte e Jesper Strömblad encarnaram uma das melhores duplas da música pesada, com uma metralhadora de riffs explosivos que casam com a abordagem melódica privilegiada e as boas letras reflexivas, entoadas pelo vocal perturbador de Anders Fridén.

De toda forma, In Flames é uma das bandas mais importantes de todo o metal após os anos 1980, headliner dos grandes festivais europeus e um dos maiores nomes do cenário atual, daqueles que é necessário conhecer. Então, preparamos uma curadoria para guiar o estimado leitor pelos melhores caminhos dessa jornada. Boa viagem!

Comece com: Clayman (2000)

É bom se preparar para o caos, pois Clayman já começa devastador com Bullet Ride e não deixa a peteca cair, devendo figurar, facilmente, em qualquer lista de melhores discos dos anos 2000. É melodic death metal, mas com a identidade pungente que diferencia o In Flames de outros grandes nomes do gênero, e ainda traz o maior hit da banda: Only for the Weak. Após esse disco, a sonoridade adquiriu traços mais modernos de metal alternativo. Faixa de destaque: Only for the Weak.

Depois experimente: A Sense of Purpose (2008)

Gostando ou não do anterior, há mais o que explorar nessa discografia. Aqui é possível perceber a diferença no som, que se distancia do death metal e embarca sem medo na alternância de fúria, suavidade e uma cadência moderna, mas mantendo o sarrafo sempre lá no alto. É o último disco com o guitarrista Jesper Strömblad e apresenta um dos melhores riffs da banda no hit The Mirror’s Truth. Faixa de destaque: The Mirror’s Truth.

Não perca: Colony (1999)

Se o leitor ainda não encontrou o que procurava, segue um disco irrepreensível que explica o que é o Som de Gotemburgo. Junto com seu antecessor Whoracle (1997), formaram um marco do estilo e estarão sempre entre os favoritos dos fãs, mas os radicais não conseguem aceitar que essa fase “clássica”, apesar de excelente, não representa a identidade completa do In Flames. Faixa de destaque: Embody the Invisible.

Também recomendamos: Come Clarity (2006)

Muito agressivo, pesado, e com vocais que beiram a insanidade, esse ótimo registro da fase intermediária já não pode ser chamado de melodic death metal puro, mas pode ser chamado somente de In Flames.

Afinal, a identidade definitiva e os maiores hits da banda vieram desse período entre o começo dos anos 2000 e o começo dos 2010, e não é diferente em Come Clarity, com o petardo Take This Life deixando muitos jogadores de Guitar Hero boquiabertos. Faixa de destaque: Take This Life.

Vale a pena escutar: Sounds of a Playground Fading (2011)

Björn Gelotte precisava provar que poderia carregar as guitarras após a saída de Jesper, e provou. O disco apresenta uma ambientação mais soturna, onde a melancolia é muito bem trabalhada para extrair o melhor da sonoridade melódica.

Contém diversas faixas que empolgam nos shows até hoje, como Fear is the Weakness, Deliver Us e Where the Dead Ships Dwell, com sua pegada quase eletrônica. Vale a pena! Faixa de destaque: Fear is the Weakness.

Fora da curva: Battles (2016)

Não é incomum ver esse álbum listado como o pior da banda, devido à irritação que causou àqueles que esperavam um retorno old school e acabaram recebendo um lançamento radiofônico, repleto de coros infantis e guitarras polidas, pejorativamente apelidado “pop-metal”.

Porém, passadas as expectativas da época, o disco não se mostra terrível, apenas fora da curva, exatamente por ser acessível e capaz de agregar aqueles ouvintes não adeptos do som mais pesado. Ainda está longe dos melhores, mas traz músicas bem mais empolgantes do que seu antecessor, Siren Charms. Faixa de destaque: The End.

Evite: Siren Charms (2014)

In Flames sempre adicionou à sua receita umas colheres de melancolia e reflexão, mas, aqui, parece que eles derramaram o pote inteiro. O álbum é tão “pra baixo” que torna a audição morosa, principalmente por se apoiar em uma sonoridade de rock alternativo enfastiante, que carece de mais vida e dificilmente fará um iniciante passar a gostar da banda.

Nessa receita, até existem alguns bons acompanhamentos, como In Plain View e a bela balada com toques góticos When the World Explodes, mas falta músicas de maior destaque como prato principal. Falta punch, falta heavy metal! Faixa de destaque: In Plain View.

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