Layne Staley, lendário vocalista do Alice in Chains, perdeu a luta contra a dependência química e nos deixou em 5 de abril de 2002, aos 34 anos. Meses antes, a jornalista argentina Adriana Rubio conduziu uma entrevista com o cantor, que parecia saber que iria morrer.
A entrevista é citada por Adriana como a última realizada por Layne. O bate-papo foi retratado no livro “Layne Staley: Angry Chair”, lançado pela jornalista em 2003, também apresentando declarações de familiares e amigos do cantor.
Staley lidou com o vício em drogas durante boa parte de seu período como vocalista do Alice in Chains. Em 1996, a situação dele piorou quando sua noiva, Demri Lara Parrott, faleceu em decorrência de uma overdose.
O cantor se tornou recluso, o que fez o Alice in Chains entrar em hiato, e afundou-se na dependência química. Sua última aparição pública foi em 1998, quando foi a um show solo do guitarrista Jerry Cantrell – e se recusou a subir no palco para uma participação especial.
“Sei que estou morrendo”
A entrevista feita por Adriana Rubio e transcrita pelo site Far Out Magazine mostra que, meses antes de sua morte, Layne Staley parecia bem consciente de seu destino. O vocalista chegou a dizer: “Eu sei que estou morrendo. Não estou bem”.
Em dado momento, ele chega a pedir para que Adriana não tente conversar com a irmã dele, Liz, sobre sua condição naquele momento. “Não tente falar sobre isso com minha irmã Liz. Ela vai descobrir cedo ou tarde”, comentou.
O cantor admitiu que cometeu “um grande erro” quando começou a usar drogas. “Essa m*rda de uso de drogas é como a insulina que um diabético precisa para sobreviver. Não estou usando drogas para ficar doidão, como muitas pessoas pensam. Sei que cometi um grande erro quando comecei a usar essa m*rda. É muito difícil de explicar”, afirmou.
O vício rendeu problemas de saúde bem sérios para Layne, que declarou: “Meu fígado não está funcionando, eu vomito o tempo todo e fico c*g*ndo nas calças. A dor é maior do que você pode suportar. É a pior dor do mundo. A abstinência dói no corpo inteiro”.
Novamente, o vocalista insistiu que sabia estar “próximo de morrer”. “Usei crack e heroína por anos. Nunca quis acabar com minha vida desse jeito. Sei que não tenho chances. É tarde demais. Nunca quis aprovação do público sobre essa p*rra de uso de drogas”, afirmou.
Membros do Alice in Chains “não são meus amigos”
Sem deixar claro os motivos, Layne Staley ainda pediu para que a jornalista não conversasse com nenhum integrante do Alice in Chains. “Não tente contato com nenhum membro do Alice in Chains”, solicitou, limitando-se a declarar: “Eles não são meus amigos”.
Ele ainda comentou que, quando tinha por volta de 20 anos, a música se tornou “sua única obsessão para permanecer vivo”. “Era a chance de colocar para fora toda essa raiva por meio da música, para ajudar os outros”, destacou.
Muito dinheiro foi investido em tratamentos para resolver a dependência, mas sem sucesso. “Investi muito dinheiro em tratamentos. Sei que fiz o meu melhor ou o que achava correto. Mudei o número do meu telefone. Não quero ver mais as pessoas. E isso é problema meu”, concluiu.
O livro “Layne Staley: Angry Chair”, que apresenta a entrevista completa e outras declarações de pessoas próximas, não chegou a ser lançado no Brasil. No exterior, ele ganhou uma nova versão, chamada “Layne Staley: Get Born Again”.
Por Igor Miranda
Fonte: Whiplash