Para quem está na posição de espera e expectativa, o tempo é um vilão que pode por fim às esperanças dos menos otimistas ou mais céticos. Os longos vinte anos sentados no banco da vontade para que o público brasileiro pudesse assistir novamente à apresentação do Def Leppard compensou, e muito, aos fãs dos britânicos.
Escalado para o primeiro dia verdadeiramente rock n’ roll do Rock in Rio 2017, o Def Leppard aportou ontem (21) no Palco Mundo com o merecido status de ‘headliner’ do dia – ainda que a banda principal fosse os norte-americanos do Aerosmith –, onde clássicos atemporais provaram aos mais desatentos e esquecidos que o grupo é muito mais do que um ou dois singles de sucesso radiofônico.
Embalado pelo novo álbum homônimo à banda e as comemorações dos trinta anos do clássico álbum Hysteria, o Def Leppard começou sua ótima apresentação com a novata Let’s Go, mostrando que as canções inspiradores não estão remetidas apenas ao passado. Animal fora a primeira representante do já citado álbum, Hysteria, o que fora um convite mais do que aceito pelos fãs a cantarem seu grudento refrão.
Com a qualidade de som impecável e uma bacana produção de palco com imagens ao telão rementento o teor de cada música, o público pôde perceber e apreciar cada detalhe, nuança e atributo das canções do grupo e, lógico, da performance virtuosa dos guitarristas Phil Collen e Vivian Campbell; a ‘cozinha’ precisa e consistente de Rick Savage (baixo) e Rick Allen (baterista) e do vocal melodioso de Joe Elliott. Além disso, vale mencionar a incrível e abrangente harmonia vocal que o grupo consegue, onde quatro dos cincos integrantes mostram suas habilidades nos pegajosos versos e refrãos.
E uma ótima prova do indiscutível poderio sonoro e técnico da banda o público testemunhou em temas como a famosa balada radiofônica Love Bites; os hards sacanas de Rock of Ages, Pour Some Sugar on Me e Let’s Get Rocked; a provocante Armageddon It; a emocionante Bringin’ on the Heartbreak, a novata Man Enough e o clássico eterno: A melodiosa e cativante Hysteria.
Em uma hora e trinta minutos de apresentação, que terminou com a imbatível Photograph, o Def Leppard compensou, em parte, a ausência dos últimos vinte anos. Mas como assim em parte? A explicação é simples: A banda tem uma discografia extensa e consistente e, consequentemente, prazerosa, então, só uma apresentação de horas e horas a fio compensaria em absoluto o sumiço pelas bandas de cá.