Foi preciso uma espera de mais de dez anos e cinco discos de estúdio lançados para que, finalmente, o sexteto italiano Lacuna Coil pudesse aportar em solo brasileiro, e essa espera – ou castigo, por assim dizer – só serviu de combustível a toda legião de fãs da banda, que estavam com as expectativas e emoções elevadíssimas por estarem prestes a assistir um dos maiores expoentes do gothic metal.
Já passava das 20h30 quando as luzes do Espaço Lux foram apagadas e as cortinas abertas, para que os italianos começassem a tão aguardada apresentação no Brasil.
Sem piedade alguma, a banda detona de cara a empolgante “Survive”, canção que abre o mais novo disco de estúdio e sem direito a respiro emendam na pesada “Underdog”, que foi muito bem recebida pelo publico, não deixando dúvidas que o álbum “Shallow Life” foi muito bem recebido pelos fãs.
Pode até ser uma menção como: chover no molhado, mas é indispensável destacar a sinergia e a química entre Cristina Scabbia e Andrea Ferro no palco. Incrível como um completa o outro. O que vale tanto musicalmente quanto em performance, visto que poderia ser um desastre por serem dois vocalistas dividindo atenção e espaço no palco.
E, não menos importante, a interação do resto da banda Marco Coti Zelati (baixo), Cristiano Mozzati (bateria) e Cristiano Migliore e Marco Biazzi (guitarras).
Dando as boas vindas ao público, o simpático Andrea Ferro anuncia “Closer” como a próxima canção, que vem com toda sua vibração e energia, o que fez aumentar, ainda mais, a temperatura no Espaço Lux.
Agora é a vez da gatíssima Cristina Scabbia interagir com a platéia, pontuando: “a próxima música é muito especial para nós, ela nos representa”, a vocalista ainda complementa: “não importa quais sejam seus sonhos, sejam eles grandes ou pequenos, o que realmente importa é acreditar que eles irão se realizar!”
Passada a mensagem altruísta a cantora anuncia “I’m Not a Afraid”, que consegue manter o pique da apresentação, mas que estranhamente fora prejudicada com som ora embolado e ora estridente. Uma pena!
Aproveitando o gancho das observações, há uma bem pertinente que foi a falta de um posto médico na casa de show, havia, sim, seguranças e bombeiros, mas a produção pecou pela ausência de um posto médico, por mais simples que fosse a central médica, era (e sempre será) necessário tê-la com profissionais qualificados para fazer, pelo menos, os procedimentos básicos. Produções de shows não deem oportunidades à má sorte!
“A próxima se chama “Fragments of Faith”, e é do álbum “Karmacode” diz o entusiasmado Andrea, que não parou um segundo sequer na execução da canção, mostrando uma grande presença de palco.
A noite seguiu com as duas primeiras representantes do álbum “Unleashed Memories”, “1:19” e “Senzafine”, essa última tendo uma das melhores resposta da noite, com o público cantando cada verso da canção, fato interessante por ser uma música cantada em italiano, que não é um idioma tão difundido como inglês, e mesmo assim o público não fez feio, cantando num italiano digno de menções positivas.
Como já dava para perceber que o ‘set list’ era uma espécie de ‘best of’, ou seja, não poderiam faltar antigos e novos clássicos da banda.
E foi “I Won’t Tell You”, um dos novos clássicos que ateou mais fogo à platéia, deixando bem claro que essa canção figurará por muito tempo no ‘set’ da banda.
Um dos momentos mais aguardados da noite foi a execução do hino “Heaven’s a Lie”, sendo especialmente dedicado à memória dos insubstituíveis Peter Steele (Type O Negative, Carnivore) Ronnie James Dio (Raibow, Black Sabbath, Heaven and Hell, Dio) e Paul Gray (Slipknot).
“Heaven’s a Lie” é canção que revelou a banda e carimbou seu passaporte para os quatro cantos do mundo. Se fosse cometer a insensatez de ter que representar a banda em uma única canção, essa seria a escolhida por unanimidade.
Não é toa que muitos fãs não sabiam se cantavam junto com a banda; choravam; gritavam ou ficavam em êxtase sentindo cada movimento da música. Em uma palavra: Clássico.
Logo em seguida, a pesada “Fragile” leva o público à loucura com um dos momentos mais bate cabeça do show, nem a própria Cristina Scabbia se segurou e caiu na farra, atacando de baterista junto a Cristiano Mozzati (bateria). A belíssima “Wide Awake” é certeira com suas melodias vocálicas e boas doses de emoção.
“To the Edge”, que é uma das melhores do disco Karmacode, faz o esperado de manter o clima pra cima no show. A grata surpresa fica por conta da antiga: “When a Dead Man Walks”, fazendo-se presente numa performance impecável.
“The Maze” representou, mais uma vez, o novo álbum. A faixa é muito boa, e ganhou acentuado peso ao vivo, o que ajudou a se adequar à dinâmica do show. Mas seria mais interessante a execução de outras do novo disco, como: “I Like It” ou “Unchained”, ou mesmo alguma do primeiro álbum.
“Vocês são loucos e eu gosto disso” diz Cristina Scabbia, antes de apresentar outro clássico do álbum “Comalies”, “Swamped”.
A danada da italianinha estava certa, o público estava mesmo louco, mas loucos para assisti-los, cantar aos berros suas músicas e tirar o atraso de tanto tempo de espera.
O show se encaminhava para final quando a senhorita Scabbia pede mais um favorzinho a galera, cantar com ela cada verso da próxima canção, o ‘cover’ da banda Depeche Mode, “Enjoy the Silence”. Prontamente atendida, a canção fecha a primeira parte da apresentação dos italianos em solo brasileiro.
Sem perder muito tempo, o Lacuna Coil volta para bis com mais duas do novo álbum, “Not Enough” e “Spellbound”. O final apoteótico se deu com a ótima “Our Truth”, fechando com chave de ouro a primeira visita do Lacuna Coil em nosso país. Com certeza um retorno ao Brasil será marcado antes que se possa imaginar, isso não sou eu que digo, foi a própria senhorita Scabbia, que enfatizou ao final da apresentação.
Mas é fato! A primeira vez a gente nunca esquece!
Fonte: http://www.territoriodamusica.com/shows/?c=921