Edificar uma carreira musical que beira as quatro décadas de atividades e contar com um séquito de leais fãs só acontece quando o artista tem a seu favor canções que tenham passado pelo implacável crivo do teste do tempo. E na noite de ontem (10), o grupo inglês The Sisters of Mercy provou, mais uma vez, aos fãs cariocas que tem os predicados necessários para estar incluído em tal categoria.
É apoiado nos atemporais álbuns First and Last and Always (1985), Floodland (1987) e Vision Thing (1990) que o vocalista e gênio criativo Andrew Eldritch – completa a banda Ben Christo (guitarra), Dylan Smith (guitarra) e Ravey Davey (programação – Doktor Avalanche) – tem feito a alegria dos fãs nos quatro cantos do planeta com a saborosa alquimia de rock, punk, gótico e eletrônico.
A noite, no entanto, começou com a interessante mistura de hard rock e pós-punk da banda curitibana, The Secret Society, que mostrou boa desenvoltura no palco e, claro, as canções de seu álbum de estreia, Rites Of Fire, lançado em outubro deste ano. E em pouco mais de meia hora de som, o The Secret Society, que é formado pelo trio por Guto Diaz (baixo e vocal), Fabiano Cavassin (guitarra) e Orlando Custódio (bateria), mostrou que tem os atributos para ser um dos grandes nomes do rock brasileiro.
A luz baixa e a névoa promovida pelo gelo seco reforçou o quê sombrio e soturno da noite, sendo este clima sepulcral o ideal para que The Sisters of Mercy começasse sua maravilhosa cerimônia funesta. O hit More foi o responsável por dar o pontapé da apresentação e levantar o ânimo do público carioca. O tom cadenciado de Ribbons e o peso de Crash and Burn agradaram e harmonizaram com o matiz sombrio do show.
Com um repertório bem azeitado, contemplando todas as nuances da banda, o show teve espaço para o ritmo acelerado de Doctor Jeep / Detonation Boulevard, Vision Thing e Temple of Love, paras as melodias hipnotizantes de Dominion/ Mother Russia e Flood II, para o momento intimista com a balada Something Fast e, claro, para os mega hits como Lucretia My Reflection e This Corrosion.
Com quase noventa minutos da saborosa alquimia de rock, punk, gótico e eletrônico, o The Sisters of Mercy, com seu tom soturno e sombrio, apresentou a primazia de sua carreira de quase quatro décadas. E é com toda certeza que seu leal séquito de fãs começou a semana com um maravilhoso e gélido sorriso no rosto.